domingo, 18 de julho de 2010

FERNANDO LUIS VIEIRA FERREIRA
Desembargador e Jurisconsulto
Escritor e Pioneiro em Ecologia.

DESCENDÊNCIA
Pais de Joaquim Vieira Ferreira Netto
Avós de José Bento Vieira Ferreira
Bisavós de Anamaria Nunes Vieira Ferreira



O SÁBIO
Crescemos com a nítida impressão de que devíamos de, algum modo, imitar nosso bisavô no que ele mais prezava: o saber! A sua paixão pelos livros, pelas línguas – falava seis idiomas – e pela escrita apurada, límpida. Foram os ensinamentos que nosso avô, seu filho, e depois nosso pai, seu neto, nos transmitiram em gestos e palavras. Há que se relevar também a importância da Justiça e da Ética, valores que nos eram cobrados diuturnamente. Da mesma forma, intuíamos que era missão impossível. Outros tempos, outras épocas, outros valores.
Mas foi essa a nossa herança, a melhor de todas.

Anamaria Nunes


1. FERNANDO LUÍS VIEIRA FERREIRA. Nascido em 3 de Junho de 1868, em Santa Teresa de Valença, na Fazenda Cachoeira. Falecido em 3 de Agosto de 1960, no Rio de Janeiro. Está sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Certidão de Batismo
Certifico que revendo o Livro de Registro dos membros da Igreja Evangelica Brasileira, encontrei a fs.18.v. o assento do theor seguinte: “Fernando Luiz Vieira Ferreira, filho legítimo do Bacharel Joaquim Vieira Ferreira e D. Elisa Augusta do Val Ferreira. Nasceu no Município de Santa Theresa de Valença aos 3 de junho de 1868. foi, sob a fé de seus Paes, baptisado nesta Igreja, pelo respectivo Pastor, Dr. Miguel Vieira Ferreira, aos 7 de maio de 1882.” Nada mais se continha no dito assento, e por ser isto verdade, passei este certificado que vae por mim assignado. Rio de Janeiro. Corte. Rua do General Cel. Well ... no. 97, sobrado. Igreja Evangélica Brasileira aos 10 de maio(...). Dr. Miguel Vieira Ferreira. Pastor da Igreja Evangélica Brasileira

Árvore de Costados
Filho de Joaquim Vieira Ferreira e de Dona Elisa Augusta Gomes do Val. Neto paterno de Fernando Luis Ferreira e de Dona Luisa Rita Vieira da Silva e Sousa. Neto materno de Matheus Gomes do Val e Thereza de Jesus Maria Soares de Meirelles.

Bisneto paterno de Miguel Ignácio Ferreira e Catharina de Senna Freire de Mendonça. De Luis Antonio Vieira da Silva e de Dona Maria Clara Gomes de Sousa. Bisneto materno de José Gomes da Silva e Mariana Ribeiro do Val. De João Baptista Soares de Meirelles e de Dona Joana Leonísia de França Lira. Terceiro neto paterno de Alexandre Ferreira da Cruz e Mariana Clara de São José de Assunção Parga. De Joaquim Isidoro Freire de Mendonça e Maria de Santa Ana e Oliveira. De José Vieira da Silva e Anna Maria da Assunção. De José Antonio Gomes de Sousa e Luiza Maria da Encarnação. Terceiro neto materno de Pedro Gomes Ribeiro e Catarina do Val. De Luis Soares de Meirelles e Ana Maria Caldeira. De Francisco de Pinho e Silva e Bernarda Leonísia de França Lira. Quarto neto paterno de Manuel Ferreira e Francisca Ferraz. De Manoel José de Assunção Parga e Antonia Maria Clara de Andrade. De Luis Freire de Mendonça e... De Antonio Vieira e Josepha Maria da Silva. De Francisco Pires Monção e Bernarda Luísa. De Antonio Gomes de Sousa e Mariana das Neves, a Neta. De José Luis Barbosa e Rosa Helena Garrido. Quarto neto materno de Luis Soares de Meirelles e... De Antonio Machado da Costa e Maria Pereira Maciel. Quinto neto paterno de Luís Ferreira e Luiza Francisca. De Antonio Jorge e Ana Gomes. De José Zuzarte de Santa Maria e Maria Pereira de Carvalhaes. De Torcato Vieira e Jeronima Fernandes. De Jerônimo Mendes da Silva e Maria Francisca. De Antonio de Sousa e Joana Gomes. De Phillipe Marques da Silva e Rosa Maria do Espírito Santo. De Pedro Gonçalves Garrido e Maria da Silva. Sexto neto paterno de João Luís e Isabel Ferreira. De Manuel Álvares e Maria Francisca. De Antonio Jorge e... De Manuel Pires e... De Antonio Freire de Macedo e Josefa Maria de Oliveira. De Antonio Pereira de Carvalhaes e Filipa de Castro Rangel. De Antonio Vieira e Jeronima Francisca. De João Francisco de Almeida e Jeronima Fernandes. De Pascoal Mendes e Serafina da Silva. De Baltazar Francisco e... De João Francisco da Silva e Mariana das Neves, a Moça. De Antonio da Silva Carvalho e Ignácia da Silva Mello. Sétimo neto paterno de Antonio Freire de Macedo e Antonia de Mendonça Furtado. De Gonçalo Martim Vieira e de Apolônia de Oliveira. De Jerônimo Gonçalves e Jeronima Gonçalves. De Gervásio Francisco e Maria Francisca. De Domingos Fernandes e Damasia Gomes. De Antonio da Silva e Francisca Mendes. De Jerônimo Martins e Margarida. De João Gaspar das Neves. Oitavo neto paterno de Antonio Barroso e Leonor Nunes. De Bernardo Dias Pereira e Antonia de Mendonça Furtado. De João Gonçalves e Inês Pires Gonçalves. De Gonçalo Jorge e Maria Jorge Martins. De Gonçalo Pires e Maria Francisca. De Belchior Fernandes e Filipa Gomes. Nono neto paterno de Rui Barroso e Guiomar Gomes. De Luis Nunes e Francisca Roiz. De Pedro Vicente do Souto e... De Jorge Anes e Ana Jorge. De Jorge Anes e Catarina Anes. De Vasco Dias e... De Sebastião Gonçalves e... De... e Isabel Gomes. Décimo neto paterno de... e Violante Barrosa. De Gonçalo Álvares e Margarida Gonçalves. Décimo primeiro neto paterno de Ruy Barroso e...
RETRATO POR SEU BISNETO
Antonio Luiz Nunes Vieira Ferreira
Passou a infância na Fazenda Cachoeira, dos seus avós, Matheus Gomes do Val e Dona Thereza de Jesus Maria Soares de Meirelles, viajando, ainda, pelos estados do Rio, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em companhia do pai, à época, Engenheiro da Estrada de Ferro Dom Pedro II.

Em 1889, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, ali cursando os três primeiros anos, bacharelando-se em 26 de outubro de 1892, pela Faculdade de Direito do Recife, onde cursara os dois últimos anos.

Iniciou sua vida pública na Bahia, como Adjunto de Promotor Público, em 6 de maio de 1893, permanecendo no cargo por poucos meses, vindo, depois, a ser nomeado Promotor Público da Comarca de Itaperuna, em 12 de setembro de 1893, deixando o cargo em 24 de janeiro de 1894.

Nessa época, exerceu intensamente a Advocacia, na região Norte do Estado do Rio e no sul do Estado do Espírito Santo.

Dr. Fernando Luís foi eleito Vereador à Câmara Municipal de Parahyba do Sul, Rio de Janeiro, para o triênio 1898-1900, chegando a ser Vice-Presidente daquela Casa.

Nomeado Promotor Público da Comarca de Barra Mansa, RJ, em 17 de janeiro de 1900, deixou o cargo em abril de 1904, para assumir o de Juiz de Distrito do Alto Juruá, Acre, no então recém-incorporado - Tratado de Petrópolis - Território Federal do Acre, indo residir, com toda a sua numerosa família, no lugar chamado Invencível da Bôca do Môa. Posteriormente, em data não precisa, assumiu a judicatura do Alto Purús.

Em 9 de maio de 1908, foi nomeado Desembargador do Tribunal de Apelação do Território do Acre, com sede em Sena Madureira.

Reorganizada a Justiça do Acre, pelo Decreto nº 9.831, de 1912, ficou o Território dividido em dois distritos, o oriental, sob a jurisdição do Tribunal de Apellação de Sena Madureira e o outro, ocidental, sob a jurisdição do Tribunal de Apelação de Cruzeiro do Sul. (Art. 125 – Dec. 9831)

Fernando Luís, quando dessa Reorganização, optara pelo Tribunal de Cruzeiro do Sul, que chegou a presidir em 1915.

Encontramos em carta de sua mulher Honorina:

25 de Julho de 1907
(...) Na camara tractam actualmente da reforma do Acre. O Dr. Candido Mariano escreveu um artigo no Jornal do Commercio defendendo esta Prefeitura e fala em ti com grande vantagem, te elogia francamente. Está guardado para ti.
Pequena Biografia
Cândido José Mariano. Comandante da Tropa amazonense na Guerra de Canudos. Republicano. Prefeito de Rio Branco. Diretor de Obras Públicas. A Cidade era então um autêntico "canteiro de obras". Todavia, desacertos de ordem militar impelem Mariano a se demitir primeiro do comando do batalhão policial (01.07.1898) e, um ano depois, do Exército (1899), para permanecer, em Manaus, no exercício da profissão de engenheiro, especialmente como demarcador de terras. Em 1902, por intervenção do governador Silverio Nery, assume uma vaga no Congresso estadual, decorrente do falecimento de um deputado. Define-se ao final do mandato o próprio deputado: “Fui um mau partidário e medíocre representante”. Todavia, a atuação política teria outra oportunidade. Por ocasião da instalação do Território Federal do Acre (1904), coube ao general Siqueira Menezes a fundação de Sena Madureira, mas com o afastamento deste oficial, Candido Mariano, seu auxiliar na empreitada, assumiu a prefeitura por um quinquênio (1905-10).


Com a Lei no. 3.232, de 5 de janeiro de 1917, regulamentada pelo Dec. No. 12.405/17, os dois tribunais foram substituídos por um só, para todo o território, com sede em Rio Branco, para onde o biografado não quis ser transferido, requerendo a sua disponibilidade, em 1917.

Nesse período ajuizou Ação Ordinária contra a União Federal, que não lhe concedera a disponibilidade requerida e amparada pela lei, obtendo ao fim de longa batalha judicial, ganho de causa, pela manutenção da sentença do Juiz da 2ª Vara Federal da Capital Federal, Dr. Otávio Kelly, decisão essa que lhe garantiu o uso do título de Desembargador, como um atributo da inamovibilidade.

Sentença mantida pelo Supremo Tribunal Federal, à época instância ad quem, em recurso ex-offício.

Senado Federal
Subsecretaria de Informações. Decreto N. 3.974 - de 31 de Dezembro de 1919. Autoriza o Presidente da Republica a conceder ao bacharel Fernando Luiz Vieira Ferreira, desembargador do extincto Tribunal de Appellação de Cruzeiro do Sul, no Territorio do Acre, um anno de licença, em prorogação e com dous terços dos vencimentos, para tratamento de saude. O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a resolução seguinte:Artigo unico. Fica o Presidente da Republica autorizado a conceder ao bacharel Fernando Luiz Viera Ferreira, desembargador do extincto Tribunal de Appellação de Cruzeiro do Sul, no Territorio do Acre, a licença de um anno, com dous terços dos vencimentos e em prorogação, para tratamento de saude; revogadas as disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 1919, 98º da Independência e 31º da Republica.
EPITACIO PESSÔA. Alfredo Pinto Vieira de Mello

Decreto N. 4.163 - de 21 de Outubro de 1920. Autoriza o Presidente da Republica a abrir, pelo Ministerio da Justiça e Negocios Interiores, o credito especial de 13:870$967, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira, dos vencimentos correspondentes ao periodo de 15 de julho findo a 31 de dezembro deste anno. O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a resolução seguinte: Art. 1º Fica o Presidente da Republica autorizado a abrir, pelo Ministerio da Justiça e Negocios Interiores, o credito especial de 13:870$967, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira dos vencimentos correspondentes ao periodo de 15 de julho findo a 31 de dezembro deste anno. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 21 de outubro de 1920, 99º da Independencia e 32º da Republica.
EPITACIO PESSÔA. Alfredo Pinto Vieira de Mello.

Decreto N. 15.169 - de 12 de Dezembro de 1921. Abre, ao Ministerio da Fazenda, o credito especial de réis 64:353$392, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira, em virtude de sentença judiciária. O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, na fórma do disposto no art. 1º do decreto legislativo n. 4.390, de hoje datado, resolve abrir, ao Ministerio da Fazenda, o credito especial de 64:353$392, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira, em virtude de sentença judiciária.
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1921, 100º da Independencia e 33º da Republica.
EPITACIO PESSOA. Homero Baptista

Decreto N. 4.390 - de 12 de Dezembro de 1921. Declara aberto, pelo Ministerio da Fazenda, o credito especial de 64:353$392, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira, em virtude de sentença judiciária
O Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil: Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sancciono a seguinte resolução: Art. 1º E' aberto, pelo Ministerio da Fazenda, o credito especial de 64:353$392, para pagamento ao desembargador Fernando Luiz Vieira Ferreira, em virtude de sentença judiciaria. Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario.
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1921, 100º da Independencia e 33º da Republica.
EPITACIO PESSÔA. Homero Baptista.

Retornou ao Estado do Rio de Janeiro, mudando-se para Nova Friburgo.

Em 1922, retorna à Niterói, passando a aqui residir, primeiro em uma casa na Praia de Icaraí, diante da Praça Getúlio Vargas, ao lado do Cinema Icaraí. Depois no Hotel Imperial, onde hoje se ergue o Plaza Niterói.

Por volta de 1925, compra a casa da Rua Moreira César, 66, em Icaraí, mudando-se definitivamente, onde vive até a sua morte.

Em 1929, apresentou substitutivo ao Projeto de Código Comercial do Senado:

Autor: Vieira Ferreira
Título: Substitutivo do Desembargador Vieira Ferreira ao Projeto de Codigo Commercial do Senado : actas e resoluções da comissão especial nos annos de 1914-1917 / Vieira Ferreira
Data: 1929 - 215 p

Câmara dos Deputados, Comissão do codigo commercial
Supremo Tribunal Federal com: Codigo Commercial: reparos sobre o projeto em discussão / E. de Castro Rebello, 1918
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1929

Substitutivo do Desembargador Vieira Ferreira ao Projeto de Codigo Commercial do Senado: actas e resoluções da comissão especial nos annos de 1914-1917 / Vieira Ferreira
Código 568.091

Em 1930, foi nomeado Juiz Federal da Seção de Pernambuco, na antiga Justiça Federal.

Em 1932, assumiu a Seção de São Paulo, permanecendo até 1934. Em 1934, assumiu a 1ª. Vara Federal da Capital Federal, aposentando-se em 1937.

O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil
Resolve remover o Juiz Federal na Secção de Pernambuco, bacharel Fernando Luiz Vieira Ferreira, para identico lugar da 1ª. Vara na Secção de São Paulo.
Rio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1932, 111º da Independência e 44º da República.
GETÚLIO VARGAS. Fran.co Antunes Maciel

No verso:
Prestou compromisso e foi empossado, em trinta de Dezembro de 1932. Secretaria do Supremo Tribunal Federal, 30 de Dezembro de 1932. O Secretário. (Assinatura ilegível)

No verso há também diversos carimbos de registro, cumpra-se, inclua-se na folha etc.

Por mais de meio século, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, presidindo a Comissão de Bibliografia.

Por igual tempo, cerca de 50 anos, assinou artigos para o Jornal do Commércio, sobre Direito e História.

Dr. Fernando Luís fundou, em 1924, em conjunto com Clóvis Bevilacqua, Nilo Carneiro Leão de Vasconcellos e Spencer Vampré, a “Revista de Crítica Judiciária”, de grande penetração no mundo jurídico, a qual foi editada até o ano de 1956, sendo até hoje citada pela excelência dos trabalhos que publicava e pela autoridade dos seus redatores.

Pequena Biografia de Spencer Vampré
Nasceu em Limeira a 24 de abril de 1888. Foi eminente advogado, jornalista, conferencista, jurisconsulto. Diretor da Faculdade de Direito de São Paulo.

Pequena Biografia de Clóvis Bevilacqua
Jurista e Escritor Brasileiro. Nascido em 4 de Outubro de 1859, em Viçosa do Ceará, 4 de outubro de 1859. Falecido em 26 de Julho de 1944, no Rio de Janeiro. Filho do Vigário José Bevilacqua. Autor do Código Civil de 1900. Estudou na Faculdade de Direito de Recife. Dentre as várias carreiras jurídicas atuou como promotor público, membro da Assembléia Constituinte, secretário de Estado, consultor jurídico do Ministério do Exterior. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e era membro do Instituto Histórico e Geográfico. Foi um dos principais colaboradores para a redação do Código Civil Brasileiro promulgado em 1916. Dentre suas principais obras, citamos: Direito Internacional Privado, Direito da Família, Direito das Obrigações e Direito Civil Comentado.

Pequena Biografia de Nilo Carneiro Leão Vasconcellos
Jurista de renome, fundador da “Revista de Crítica Literária” ao lado de Fernando Luis Vieira Ferreira, Clóvis Bevilacqua e Spencer Vampré.

Foi, no ano de 1928, Examinador do Concurso para Juiz e Pretor, no Rio de Janeiro, presidindo a Banca de Direito Civil.

Autor de inúmeras obras jurídicas, para citar algumas: Esboço de um Código Comercial Brasileiro - Typografia Besnard Fréres - Rio de Janeiro – 1909 - Ementas e Emendas ao Projeto do Código Civil - Typografia Besnard Fréres - Rua do Hospício, 130 - Rio de Janeiro – 1912. - O Código Civil Annotado - Editora Leite Ribeiro - Rio de Janeiro – 1922 - Consolidação das Leis Comerciais de Direito Privado - Livraria Acadêmica - São Paulo – 1935 - Da Responsabilidade Civil em Acidentes de Automóveis - Editora Saraiva - São Paulo - 1944.

Destacam-se ainda as obras de caráter histórico: Faculdades de Direito no Brasil - in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Juízes e Tribunais do Primeiro Império e da Regência - Boletim do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Imprensa Nacional - Rio de Janeiro – 1937 - Padrões de Pedra - in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - nº 242, jan./mar. de 1959.

Ainda no âmbito da História, registrem-se os trabalhos memorialistas, aprovados por unanimidade para reedição pelo Conselho Editorial do Senado Federal, em 2005: Azambuja e Urussanga - Obra sobre a fundação de duas colônias de imigrantes italianos por seu pai, o Engenheiro Joaquim Vieira Ferreira, lá pelos anos de 1870, em Santa Catarina, hoje cidades já centenárias. - Oficinas Gráficas d´O Diário Oficial – Niterói –1939 - Cachoeira e Porongaba - Obra sobre a Fazenda Cachoeira, de seu avô, Matheus Gomes do Val, retrato fiel da cultura da época, com amplo estudo sobre as Sesmarias no Vale do Paraíba. - Escola Industrial Dom Bosco - Niterói – 1951

Latinista e Helenista, o Desembargador era homem de vasta cultura geral, possuindo biblioteca com mais de 10.000 volumes, os quais foram doados por seu neto, então Juiz de Direito de Resende, RJ, àquele município. Traduziu, entre outros: A Morte de Cícero, de Tito Lívio - In Revista Trimensal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, 237, pág. 144 e 145, Out/ Dez de 1957.

O biografado é citado em inúmeros documentos. Destacamos:

“Meu Pai” - de Gilberto Freyre, Recife, 1964: A 20 de janeiro de 1932 êle escrevia ao filho distante: "Que o 32 apesar de sua aspereza nos seja um pouco mais benigno". Acrescentava: "O Vieira Ferreira (Juiz Federal), que é realmente um homem culto – cultura geral e jurídica, deixando à grande distância o poseur Cunha Melo – envia-lhe lembranças. É um bom velhote".

Pequena Biografia
Alfredo Freyre. Educador, Juiz e Professor Catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife.

Desde a sua aposentadoria, até os seus últimos dias, Dr. Fernando Luís estudava, advogava e emitia pareceres, colaborando ainda com a Revista de Crítica Judiciária.

Faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de Agosto de 1960. O Tribunal de Justiça de Sena Madureira, no Acre, leva o seu nome.

Assinalado na obra “Código Civil Comentado”, nas preliminares, Clóvis Bevilacqua fala sobre a importância da obra “Emendas e Ementas ao Código Civil Brasileiro”:

“(...) Essa obra foi o estudo mais valioso que, do ponto de vista jurídico”,
foi submetido o Projeto.”

Casou-se em 8 de Novembro de 1894, em Laje de Muriaé, com Dona HONORINA PEREIRA NUNES DE MIRANDA.

O seu primogênito foi Joaquim Vieira Ferreira Netto, 1896-1961, também magistrado no antigo Estado do Rio. Jurisfilósofo, humanista e professor, ao falecer exercia a função de Juiz das Execuções Criminais. Empresta o nome ao Instituto Penal Vieira Ferreira Netto, em Niterói, antiga Penitenciária Estadual.

O seu neto, filho de Joaquim, era o Desembargador José Bento Vieira Ferreira, 1922-1966, do Tribunal de Justiça do Estado do Acre, após ter sido, no antigo Estado do Rio, Investigador, Comissário, Delegado de Polícia, Promotor, Juiz Substituto e Juiz Togado.

Antonio Luiz Nunes Vieira Ferreira
Juiz de Direito
Em 26 de Dezembro de 1991

DESCENDÊNCIA

de Fernando Luís Vieira Ferreira e

Honorina Pereira Nunes de Miranda


Honorina era Descendente dos Pais de Tiradentes.

Sobrinha-neta do
Barão de São Carlos
Barão do Rio do Ouro
Baronesa de Santo Antonio

Batizada em 18 de Outubro de 1876, na Paróquia de São Pedro de Alcântara, do Rolcharia, termo de Juiz de Fora. Falecida em 24 de Julho de 1977, no Largo dos Leões, no Humaitá, Rio de Janeiro.

Filha do Fazendeiro Affonso Júlio de Miranda e Innocência Pereira Nunes. Neta paterna de Antonio José de Miranda e Maria José de Cortona. Neta materna do Dr. Gomide Xavier Rebello e Innocência Pereira Nunes (Na dúvida).


Bisneta paterna do Capitão José de Miranda Ramalho e Maria Rodrigues da Silva. De José Antonio de Magalhães e Maria Rita de Jesus Xavier. Bisneta materna de Bernardo Xavier Rebello e Joana Luísa da Silva (Na dúvida). De Ignácio Pereira Nunes e de Dona Leocádia Vasconcellos de Araújo (Na dúvida). Terceira neta paterna de João de Miranda Ramalho e Maria Teixeira de Carvalho. De André Rodrigues Chaves e Gertrudes Joaquina da Silva. De José Antonio de Andrade e Valentina Thereza de Jesus. De Joaquim Rodrigues Chaves e Rosa Maria de Jesus. Terceira neta materna de Bernardo Xavier Rebello e... De Antonio Nunes da Silva e Ana Pereira. De Bento Borges de Araújo e Maria Joaquina de Vasconcellos (Na dúvida). Quarta neta paterna de Manoel Antonio e Ana Gonçalves de Miranda. De Domingos Teixeira de Carvalho e Luiza Costa Ferreira. De Domingos Chaves e Maria Rodrigues. De Thomaz da Silva e Valentina de Mattos. De João Crisóstomo de Magalhães e Bárbara Maria Dias. De André Rodrigues Chaves e Gertrudes Joaquina da Silva. De Francisco Ferreira de Sousa e Antonia Rita de Jesus Xavier. Quarta neta paterna de Antonio de Carvalho e Maria Teixeira. De João Costa Ferreira e Domingas Teresa. De Domingos Álvares e... De José de Torres e Teresa da Silva. De Miguel Barbosa e Ursula Mendes. De João... De Magalhães e Ana Maria de Andrade. De Mathias Álvares Negrão e Maria de Marins do Prado. De Domingos Chaves e Maria Rodrigues. De Thomaz da Silva e Valentina de Mattos. De Carlos Ferreira de Sousa e Rosa de Azevedo. De Domingos da Silva dos Santos e Antonia da Encarnação Xavier. Quinta neta materna de Manoel Soares e Inês Arouche. De Antonio de Matos e Maria Costa. De Manoel Mendes de Souza e Páscoa da Silva. De Domingos Álvares e... De José de Torres e Teresa da Silva. De Miguel Barbosa e Ursula Mendes. De Manuel Afonso de Sousa e Maria de Azevedo. De André da Silva e Mariana da Matta. De Domingos Xavier Fernandes e Maria de Oliveira Colaço. Sexta neta materna de Domingos Cabral de Sousa e Ursula Mendes, a Velha. De Fernando Rocha e Antonia Corrêa. De Manoel Soares e Inês Arouche. De Antonio de Matos e Maria Costa. De Manuel Mendes de Sousa e Páscoa da Silva. De Domingos Rodrigues e Catarina Fernandes. De Antonio de Oliveira Setubal e Isabel de Oliveira Colaço. Sétima neta materna de Manoel de Sousa e Maria Cabral de Melo. De Domingos Cabral de Sousa e Ursula Mendes, a Velha. De Fernando Rocha e Antonia Correa. De João Fernandes e Esperança Fernam. De Hieronimo Setubal e Brazia de Oliveira. De Antonio de Oliveira Gago e Ana da Cunha. Oitava neta materna de Fernando Cabral de Melo e Sebastiana Cabral. De Manuel de Sousa e Maria Cabral de Melo. De Martinho de Oliveira Gago e Catarina Pereira Sardinha. De Antonio da Cunha e Paula Gonçalves. Nona neta materna de Gonçalo Carvalho da Câmara e Helena Fernandes de Melo. De Aleixo Manuel, o Moço, e Isabel Cabral. De Fernando Cabral de Melo e Sebastiana Cabral. De Pedro Colaço e Juliana de Oliveira. De Manuel da Cunha e Catarina Pinto. Décima neta materna de Aleixo Manuel Albernaz e Francisca da Costa Homem. De Gonçalo Carvalho da Câmara e Helena Fernandes de Melo. De Aleixo Manuel, o Moço, e Isabel Cabral. De Salvador Teixeira da Cunha e Maria Mendes. De Pedro Colaço, o Velho, e Brígida Machado, a Velha. De Manuel de Oliveira Gago, o Velho, e Felipa da Mota. Décima primeira neta materna de Aleixo Manuel Albernaz e Francisca da Costa Homem. De Fuão Albernaz e... Faria. De Jordão Homem da Costa e Apolônia Domingues. De Rui Dias Machado e Cecília Rodrigues. De Antonio de Oliveira e Genebra Gago. De Vasco Pires de Mota e Felipa Gomes da Costa. Décima segunda neta materna de Jordão Homem da Costa e Apolônia Domingues. De Fuão Albernaz e... Faria. De Aniceto Vaz da Mota e Felipa de Sá. De Estevão da Costa e Isabel Lopes de Sousa. Décima terceira neta materna de Martim Afonso de Sousa.

O Romance
Ele era Promotor de Justiça em Itaperuna, para onde Honorina viajava de tempos em tempos pra ficar com a madrinha.


“Ele passava a cavalo e via vovó na janela. Apaixonaram-se”.
Antonieta Inocência Vieira Ferreira Morpurgo


Quando Honorina voltou para casa, em Paraíba do Sul, Fernando Luis lhe dedicou esses versos:

PRECE
A Mlle...

Partes... Não sabes que saudade immensa
Vem augmentar o meu isolamento:
É noite, minha amiga, e a treva é densa
Sem um astro siquer no firmamento.

Surge, meu sol, surge outra vez e pensa
Que si tiveres um regresso lento,
Breve sentindo o vácuo da descrença,
Minha alma tombará no desalento.

Não voltas mais... Oh dor, oh desespero!
Porque se eclypsa a luz de teu semblante
Subitamente assim?

O meu destino é mais feroz que Nero,
Estou cego, meu Deus! Sem norte, errante,
O que será de mim?

Fernando Ferreira
Itaperuna, 16 de Agosto de 1894.

A poesia, por certo, comoveu Honorina que aceitou o seu pedido de casamento:


“O noivado não durou muito. Eles se conheceram e se casaram em dois meses”.

Lilia Barcellos


O que se confirma pelo confronto das datas da poesia e do casamento: 16 de Agosto e 8 de Novembro... Exatos 2 meses e 22 dias! Paixão que se prolongou por toda a vida, considerando-se as cartas desesperadas de Honorina quando, já casada, foi obrigada a viver longe dele, então Juiz no Acre (V. Meus Bisavós - Correspondência - Honorina Pereira Nunes de Miranda) Em 8 de Novembro de 1944 comemoram as Bodas de Ouro, reunindo a família na Moreira César.

Dona Honorina era afilhada de Dona Eliza Dutra de Rezende, mulher de Jayme Vieira de Rezende.

Pequena Biografia
Jayme Vieira de Rezende. Nasceu na Fazenda do Rochedo, município de Cataguazes, em 30 de abril de 1886; casou-se em 13 de fevereiro de 1885, com sua prima D. Elisa Dutra de Rezende, filha de seus tios Antonio Vieira da Silva Rezende e de D. Carlota Dutra de Rezende, então proprietários da Fazenda Itaguassu, no actual município de Mirahy. Educado no tradicional “Colégio do Caraça”, foi fazendeiro nos Estados de Minas e Rio de Janeiro e comerciante no Espírito Santo. Jayme Vieira de Rezende é nome de Rua e Avenida no Espírito Santo. Faleceu em Vitória, em 15 de Setembro de 1913, deixando viúva e os seguintes filhos: 1- Mercedes Rezende, nascida em 16 de Março de 1891. Casada com Paulo Pacheco, em 15 de fevereiro de 1912. 2- Hermano Vieira de Rezende, nascido em 17 de Abril de 1894. Casado com Dona Leonarda Moreira, em 27 de maio de 1919. 3- Osmane Vieira de Rezende, nascido em 27 de dezembro de 1900. 4- Flora Rezende de Oliveira, nascida em 26 de Maio de 1902. Casada com Hostilio Ximenes de Oliveira, no dia 22 de fevereiro de 1922.

Honorina

Recebi tua carta e fiquei muito satisfeita pela a tua chegada mas recebi hoje a tua carta e infelizmente não posso te fazer uma vizita, porque a Mercedes está passando mal com dor de Olhos, e estou com viagem marcada para Cataguazes, tem já condução lá me esperando. Segunda feira vou muito aborrecida se não puder estar contigo e te dar um apertado abraço, peço-te para vir e a Dr. Fernando para virem cá antes de eu seguir para Cataguazes, manda-me um telegrama para eu mandar te esperar na Estação. Traga a Guiomar, venha sesta ou sabbado sem falta que estou ancioza para ver-te. No mais, eu Jaime e Meninos muito te recommendamos a Dr. Fernando, teus Pais e Guiomar. Sou tua Madrinha e Amiga que muito te estima.
Elisa Dutra de Rezende
17 de Abril de 1893
NB Se tivesse recebido a tua carta logo que chegou ahi já tinha ido te vizitar, venha te pesso mais uma vez.

Fernando Luís e Honorina foram Pais de:

1.1 Joaquim Vieira Ferreira Netto, que segue.


1.2 Elisa Atlântica Vieira Ferreira. Nascida em 2 de Maio de 1897. Falecida menina.

1.3 Fernando Lívio Vieira Ferreira. Funcionário dos Correios e Telégrafos. Nascido em Paraíba do Sul, em 26 de Agosto de 1898. Falecido nos anos 80, solteiro, com mais de 80 anos. Sem Geração.

1.4 João Batista Vieira Ferreira.De apelido Ivan. Nascido em Barra Mansa, em 21 de Maio de 1900. Falecido em 8 de Abril de 1966. Casado com a Professora Márcia da Costa Santos. Com Geração.

1.5 Thereza de Jesus Maria Vieira Ferreira. Nascida em 22 de Julho de 1901, em Barra Mansa. Falecida em 2 de Fevereiro de 1966, em Niterói. Casada, em 1919, em Nova Friburgo, com o Coronel Médico Dr. Admar Morpurgo. Com Geração.

Pequena Biografia
Dr. Admar Morpurgo nasceu em 16 de Julho de 1897, no Rio de Janeiro. Faleceu em 16 de Dezembro de 1969, filho único de Dona Antonieta César Dias, 3ª Médica do Brasil, e do Dr. Eduardo Morpurgo.


Origem da Família Morpurgo no Brasil
Em 1889, o Barão Marco de Morpurgo era Cônsul Geral do Brasil em Trieste. (Almanak, 1889, Página 147), à mesma época em que o Dr. Eduardo foi naturalizado brasileiro. É possível que haja relação entre eles.

Origem dos Morpurgo de Niterói
Os nossos Morpurgo eram judeus holandeses, radicados na Guiana Holandesa.


Pequena Biografia
Patriarca da Família Morpurgo no Brasil, Dr. Eduardo Morpurgo era Engenheiro Eletricista, nascido em 1872, no Suriname, Guiana Holandesa e falecido em 1942. Foi responsável pela Iluminação da Avenida Central, quando da célebre reforma de Pereira Passos. Naturalizado brasileiro entre 15 de Novembro de 1889 e 6 de Maio de 1891, segundo Relatório do Ministro do Interior, Almanak Laemmert, 1891, Página A-H-3.

Pequena Biografia
Dra. Antonieta César Dias nasceu em 12 de Janeiro de 1868, na cidade do Rio Grande do Sul, Estado de São Pedro do Rio Grande do Sul e faleceu em 1917. Filha do Jornalista e Empresário Antonio Joaquim Dias e de Dona Cesária César. Neta paterna de José Maria Dias e de Dona Benta Maria Gonçalves. Neta materna de João José César e de Dona Maria Joaquina Marques.

Médica formada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, com defesa de Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil, sustentada em 11 de dezembro de 1889 e “dedicada às suas distintas collegas de 1884: Dra. Rita Lobato Velho Lopes, Dra. Ermelinda Lopes Vasconcellos de Sá, Pharmacêutica Maria Luiza Sur Surville e Maria Amélia Cavalcanti, 5º Anno.” Foi Fundadora do Hospital da Cruz Vermelha, de Lavras, RS. Afilhada de Batismo do Dr. Fernando Luiz Osório; de Formatura do Dr. Hilário de Gouvêa; e de Ano do Dr. Benjamim Antonio da Rocha Faria.

A Luta de um Pai para a Filha ser Médica
Até o final da década de 1870 era proibido às mulheres, em todo o território nacional, matricular-se em escolas de ensino superior. Esse veto foi abolido em 1879, através da chamada Reforma Leôncio de Carvalho. A partir de então, dois cidadãos residentes em Pelotas passaram a acalentar o sonho de que as suas jovens filhas cursassem a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Tinham este objetivo Antônio Joaquim Dias, diretor do Correio Mercantil e pai de Antonieta César Dias, e o charqueador Francisco Lobato Lopes, pai de Rita Lobato Lopes.

Antonieta e Rita, nesse ano de 1879, eram colegas na Escola São Francisco de Paula, dos mestres Carlos André Laquintinie e Benjamin Amarante. Rita, de parto prematuro, nascera na cidade de Rio Grande, para onde os pais eventualmente viajavam (no ano em que nasceu, 1866, a família estava fixada em Santa Isabel, então distrito de Jaguarão), e desde os cinco anos de idade transferira-se para Pelotas, onde Francisco estabelecera uma charqueada. Antonieta era natural de Pelotas; embora com a mesma desenvoltura intelectual, trazia uma desvantagem com relação à colega: era três anos mais moça. Não transcorreu muito tempo para se dar o fato (ou o suposto fato) cuja fonte de informação foi a própria Rita Lobato Velho Lopes: Antônio Joaquim Dias teria ameaçado os diretores Laquintinie e Amarante de desmoralizar seu colégio através do Correio Mercantil caso eles não dificultassem os estudos da aluna concorrente. Precavido, Francisco transferiu a filha para um colégio de Porto Alegre. De todo o modo, em 1884, aprovadas em todos os preparatórios, Rita e Antonieta partiram para o Rio de Janeiro, acompanhadas dos pais. Rita tinha 18 anos incompletos e Antonieta, apenas 15, mas a idade não seria obstáculo: Antônio Joaquim já conseguira, através do deputado Eleutério de Camargo, licença especial do Congresso autorizando a matrícula. Cursaram ambas o primeiro ano, na mesma classe, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. E não eram as únicas mulheres na sala de aula, uma vez que outras alunas já se vinham matriculando desde 1881; inclusive, no mesmo ano que Rita e Antonieta, outra gaúcha, esta natural de Porto Alegre: Ermelinda Lopes de Vasconcellos.

Felizmente para elas (talvez mais para os pais), todas as outras ou desistiram ou se formaram depois. Todas, com uma única exceção: a própria Ermelinda, como se verá. Ocorreu em seguida uma desinteligência entre alunos e professores da faculdade, e um irmão de Rita, aluno de Farmácia, encontrava-se entre os rebelados. Temendo represálias, Francisco esperou os exames finais e se transferiu com os filhos para Salvador. Rita passou a ser a primeira mulher estudante da Faculdade de Medicina da Bahia. E o acaso demonstrou-se fortuito, uma vez que ela, a partir daí, começou a prestar exames no decurso dos períodos letivos, emendando uma a uma, e num curto espaço de tempo, todas as disciplinas restantes. Se permanecesse no Rio e enfrentasse a indisposição contra o irmão, certamente não lhe concederiam esse privilégio. Resultado: em 1887 — em menos de quatro anos —, Rita Lobato Lopes completou um curso que exigia regularmente seis, realizando plenamente o objetivo de seu pai, que era ver outorgarem à filha o título de primeira médica do Brasil.

Vencemos a resistência e o preconceito.
Oxalá nos imitem o exemplo e compensem os sacrifícios.

Antonieta César Dias
2ª Médica formada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
3ª Médica do Brasil

Quanto a Antonieta César Dias, talvez em conseqüência da própria idade, concluiu o curso dentro do período regulamentar; diplomou-se em 1889. Acabou com títulos mais modestos: segunda médica formada pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e terceira médica do Brasil, já que foi precedida também pela doutora Ermelinda Lopes de Vasconcellos, que, igualmente apressando-se, fez o curso em cinco anos, concluindo-o em 1888.

Mario Osório Magalhães:
momagalhaes@diariopopular.com.br

Família César
A origem conhecida é João José César, casado com Dona Maria Joaquina Marques César. Foram Pais: 1. César Dias. 2. Cesária César, casada com o Jornalista Antonio Joaquim Dias. Enviuvando, Dona Maria Joaquina Marques casou, em 2ª Núpcias, na Família Lomba Negreira. Foram Pais de: 3. Zenóbia Maria César, esta última filha de um 2ª casamento, era irmã materna de Dona Maria Isabel Lomba Negreira. 4. Maria Isabel Lomba Negreira

Família Dias
A origem conhecida é José Maria Dias, casado com Dona Benta Maria Gonçalves, que foram pais do Jornalista Antonio Joaquim Dias. Foram Pais de: 1. Antonio Joaquim Dias, casado com Dona Cesária César, tiveram a Dra. Antonieta César Dias.

Família César Dias
Antonio Joaquim Dias, Diretor do Correio Mercantil, homem empreendedor, responsável pela instalação do primeiro telefone, em Pelotas, logo após a chegada do invento ao Brasil:

Pequena Biografia
Antonio Joaquim César foi Jornalista e Empresário. Diretor do Jornal Correio Mercantil, de Pelotas. Responsável pela instalação do 1º telefone em Pelotas, logo após a chegada do invento ao Brasil, fundou a 1ª Companhia Telefônica de Pelotas.

O jornalista Joaquim Antônio Dias, no dia 13 de julho de 1875, publicou um artigo no Correio Mercantil, relatando o empreendimento de Hygino Correa Durão, diretor da Companhia Hidráulica Pelotense, na construção do R1:

"A Caixa d'água é uma obra imponente, um monumento de arte. Nunca ninguém se persuadiu, que o empresário Sr. Durão da Companhia Hidráulica Pelotense, cumprisse tão satisfatoriamente a condição do seu contrato, nem tão pouco jamais passou pela idéia que alguém fizesse uma obra tão grande e admirável. Hoje, ante os fatos, é rigorosa justiça restituir-lhe os créditos, que se havia posto em dúvida e um dever imprescindível encarecer o seu procedimento. Nós que sempre fomos os primeiros a censurá-lo, quando de censura o considerávamos merecedor, queremos também ser os primeiros, pôr desencargo da consciência e pôr amor a verdade, a tecer-lhe os louvores de que se tornou digno pela maneira honrosa e mesmo superior a toda expectativa, porque desempenhou o seu contrato. Fazemos Justiça." (Alberto Durão - Geneal.Br)

1.6 Marco Túlio Vieira Ferreira. Nascido em Paraíba do Sul, em 25 de Outubro de 1905. Falecido em 17 de Abril de 1939.

1.7 Maria das Dores Vieira Ferreira. Tia Mary. Nascida em Paraíba do Sul, em 10 de Novembro de 1906. Falecida no Rio de Janeiro, nos anos 80. Faleceu solteira. Sem Geração.

1.8 Beatriz Vieira Ferreira. De apelido Tia Ba. Nascida em 16 de Julho de 1910, na Rua Bonfim, no Rio de Janeiro. Falecida em 1999, em Curitiba. Casada, em 1931, com o Engenheiro Fernando Nascimento Silva, nascido em 10 de Janeiro de 1905 e falecido em 13 de Julho de 1967, filho do Dr. Ernesto Nascimento Silva e de Dona Alda Campos, portuguesa do Porto. Com Geração.

Pequena Biografia
Fernando era Engenheiro, nasceu em 10 de Janeiro de 1906 e faleceu em 13 de Julho de 1967, no Rio de Janeiro. Passou a infância na Rua Afonso Pena, na Tijuca. Estudou no Colégio Pedro II e cursou Engenharia na Escola Politécnica, formando-se em 1929. Dedicou-se ao magistério em diversas instituições de ensino sendo docente da cadeira de Geologia da Escola Nacional de Engenharia. Ingressou a seguir no quadro técnico do antigo Distrito Federal, tendo a oportunidade de pesquisar a formação geológica da terra da Guanabara, sua grande paixão!

Responsável pela reedição do livro “Rio de Janeiro em seus 400 Anos”. Deixou numerosos trabalhos de natureza científica e literária em folhetos, revistas técnicas e periódicos diversos. Autor do Romance Histórico “O Homem que queria Matar o Vice-Rei”. Deu nome à Rua Engenheiro Fernando Nascimento Silva, em Laranjeiras.

Fernando Ernesto Nascimento Silva


Família Nascimento Silva
Importante Família do Rio de Janeiro que tem origem conhecida no Médico Ernesto Nascimento Silva, nascido no Rio de Janeiro em 1857 e faleceu em 1925, e casado com Dona Alda Campos, portuguesa do Porto.

Origem da Família
Entre as figuras importantes que encontrei em minha pesquisa, o destaque maior é para o Dr. Josino do Nascimento Ferreira e Silva, que se assinava Josino Nascimento Silva. Advogado e Deputado Provincial do Rio de Janeiro em 1846 e 1847, autor das Obras “Código Criminal do Império do Brasil”, “Código do Processo Criminal de Primeira Instância do Império do Brasil”, citadas como obras interessantes no Almanak Laemmert, 1846, Página 3, Título Livros Interessantes. Em 1894 era Secretário Geral da Guarda Nacional.

Parentes
Encontrei também registros de: 1. Dr. Antonio Nascimento Silva, registrado como Eleitor, na Freguesia de Irajá, Colégio da Corte, segundo o Almanak Laemmert de 1865, página 46. 2. Dr. Celestino do Nascimento Silva, Médico, no Município de Mangaratiba, segundo o Almanak de 1865, página 127. 3. Eugenio do Nascimento Silva, Bacharel em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro em 1895, segundo o Almanak Laemmert, Ministério da Justiça e Negócios do Interior, 1894-1895, Página 174. 4. Francisco Eulálio Nascimento e Silva, carioca, pai do diplomata Dr. Joaquim Eulálio do Nascimento e Silva, Ministro das Relações Exteriores e avô dos diplomatas Leonardo Eulálio e Geraldo Eulálio.

Pequena Biografia
Dr. Ernesto Nascimento Silva. Médico. Nascido no Rio de Janeiro em 1857 e falecido em 1925. Médico, foi Diretor da Instituição Pública Municipal, em 1921. Lente de Medicina Legal da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Autor de “Concepção do Segredo Médico”, 1900; “Docimasia pulmonar hidrostática”, 1916; e “Manual da Técnica de Medicina Legal“, 1918. Foi homenageado dando seu nome à famosa rua de Ipanema: “Rua Nascimento Silva 107 você ensinando pra Elizeth”... Canta o Tom de Vinícius e Toquinho!

Árvore Genealógica
Dr. Ernesto Nascimento Silva, casado com Dona Alda Campos Nascimento Silva, portuguesa da Cidade do Porto e foram pais de: 1. Lina Nascimento Silva, casada com Henrique Machiorlatti. Tiveram: 3.1 Luciano Machiorlatti. Já falecido; 2. Hilda Nascimento Silva, casada com Agnaldo Barcelos. Tiveram: 3.1 Sérgio Barcelos. Já falecido. 3. Raul Nascimento Silva. Médico formado na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, nascido em 18 de Dezembro de 1909 e falecido em 6 de Abril de 2002. Casado em 1ª Núpcias com Dona Marieta Fontoura. Tiveram: 4.1 Raul Ernesto Nascimento Silva. Advogado e Professor de Inglês, nascido em 18 de Setembro de 1933, casado com Victoria Zoievitchaka, russa, sem geração; 4.2 Carlos Ernesto Nascimento Silva. Professor e Escritor, Casa das Palmas, nascido em 12 de Janeiro de 1937, em Varginha, Minas Gerais, Bacharel em Letras, casado em 1ª Núpcias com Dona Sonia Maria Nabuco Caldas, que foram pais de Kátia Nascimento Silva. Casado, em 2ª Núpcias com Dona Nilsa Maria Leal Silva. Sem Geração. Dr. Raul (§ 3) foi casado em 2ª Núpcias com Dona Patrícia Erckman e foram pais de: 4.3 Erik Nascimento Silva. Já falecido; 4.4 Mônica Nascimento Silva. Dr. Raul (§ 3) foi casado em 3ª Núpcias com Dona Nélia Carceller Alves, nascida em 10 de Junho de 1913 e foram pais de: 4.5 Nélia. Nascida em 10 de Dezembro de 1944, em Catanduva, Minas Gerais, formada em Belas Artes, casada com César Augusto Carneiro Benevides. Tiveram: Leonardo Nascimento Silva Benevides, nascido em 14 de Março de 1981, e Guilherme Nascimento Silva Benevides. Nascido em 6 de Agosto de 1982; 4.6 Danilo. Nascido em 20 de Outubro de 1949, em Mirandópolis e falecido em 8 de Fevereiro de 1997. 4.7 Gisela. Médica, nascida em 14 de Setembro de 1955, em Cornélio Procópio, Paraná, casada com Marcos Romano, foram pais de Fernando Nascimento Silva Romano e Andréia Nascimento Silva Romano. Dr. Raul (§ 3) casou-se ainda em 4ª Núpcias e foi pai de: 4.8 Marco Nascimento Silva; 4.9 Bruno Nascimento Silva; 4.10 Erick Nascimento Silva e 4.11 Larissa Nascimento Silva.

1.9 Afonso Júlio Vieira Ferreira. Funcionário dos Correios e Telégrafos. Nascido em Nova Friburgo, em 12 de Março de 1913. Falecido no final dos anos 90, com mais de 80 anos. Casado com Mair Beque, funcionária dos Correios. Sem Geração.

2. JOAQUIM VIEIRA FERREIRA NETTO casado com a DRA. ALZIRA NOGUEIRA REIS, Patriarcas da 3ª Geração da Família Vieira Ferreira.

Fotos Antigas:
Acervo Nieta Morpurgo

Colaboração
Fernando Ernesto Nascimento Silva
Sônia Maria Nascimento Affonso de Carvalho





PEDRO LEOLINO MARIZ
Mestre de Campo
Bandeirante

DESCENDÊNCIA
Pais de Anna Mariz
Avós de Ana Alves de Macedo
Bisavós de João Pinheiro Torres
Terceiros Avós de Cândida Pinheiro Torres
Quartos Avós de Augusta Pinheiro Nogueira
Quintos Avós de Alzira Nogueira Reis
Sextos Avós de José Bento Vieira Ferreira
Sétimos Avós de Anamaria Nunes Vieira Ferreira


Notável sertanista da Bahia, que desde 1724 agiu nos rios Paramirim e das Contas, serras Branca e da Tromba, sendo figura de vulto no ciclo das entradas baianas em Minas Gerais.

Em 1729 foi investido do cargo de superintendente das Minas Novas do Araçuaí, então pertencentes a jurisdição da Bahia, sendo marcada a sua ação nessa dependência, firmando a sua reputação de um dos maiores bandeirantes da primeira metade do Século XVIII.

Foi ele quem, em 1725, prendeu o célebre régulo, chefe do sertão do rio São Francisco, Manuel Nunes Viana. No Fanado, a partir de julho de 1728, foi seguro organizador, homem de conselho, administrador e fiscalizador. Criou a Casa de Fundição de Minas Novas e continuou a sua ativa vida de pesquisador de riquezas minerais da região, até que pouco antes de 1747, encontrou as minas de salitre dos Montes Altos, que julgou de grande valor. E com o fracasso da extração desse minério, encerrou a sua trabalhada vida, tendo falecido em 1763, com mais de oitenta anos de idade.

Dicionário de Bandeirantes
Expansão – de Basílio de Magalhães -

Bandeirantes e Sertanistas Baianos – de Borges de Barros

A Conquista - de Pedro Calmon - História Geral – Varnhagen

O Coronel Pedro Leolino Mariz foi sertanista importante na história baiana nos descobertos de Rio de Contas e depois no de Montes Altos. Quando se descobriu ouro em abundância no Fanado e Bonsucesso, os irmãos Francisco Dias do Prado e Domingos Rodrigues do Prado, intentaram uma revolta incitando a população contra Sebastião Leme do Prado, que foi provido Guarda Mor dos descobertos e estava fazendo a divisão das lavras.

Para sufocar tal revolta e prover administração no arraial de São Pedro do Fanado, o Vice Rei Vasco Fernandes César de Meneses nomeou o Coronel Mariz Superintendente das Minas Novas do Fanado do Araçuaí. Tomou posse do cargo em 11 de Julho de 1729 e entregou o cargo ao presidente da Câmara da já vila do Fanado em 31 de Dezembro de 1730. Faleceu o coronel aos 25 de outubro de 1762, louvado e reconhecido pelo império como um dos grandes do seu tempo.

Valdivino Pereira Ferreira
Genealogia Norte Mineira


Correspondência original e cópias na maioria recebidas por Martinho de Mendonça e Pina e Proença, mas também por João da Silva Guimarães, Pedro Leolino Maris, remetida por Conde de Sabugosa, Conde das Galveias, Bernardo José Leitão, João da Silva Guimarães, João de Miranda Pinto, Pedro Leolino Maris (Mestre de campo comandante e superintendente geral das Minas da capitania da Baía).
'Forma do regimento que o coronel Pedro Leolino Maris a cujo cargo está a incumbência da conquista e guerra que se faz ao gentio bravio que insulta os sertões povoados e impede povoar as excelentes terras que habita'. 1727

Parecer de Pedro Leolino sobre a capitação e a arrecadação dos quintos do ouro. 1734. Contas de escravos, por Belchior dos Reis de Melos, 1734.
Edital de Pedro Leolino para evitar os descaminhos do ouro.

Cartas e outros papéis oficiais relativos ao Brasil
Torre do Tombo


1. PEDRO LEOLINO MARIZ. Nascido em 13 de Junho de 1682, na Bahia. Falecido em 25 de Outubro de 1762.

Ainda não conhecemos os antepassados de Pedro Leolino, para uns eram das Ilhas, para outros da Itália, e para outros ainda, da própria Bahia. Eu arrisco Olivença, em Portugal, reduto de vários Mariz e provável origem da sua mulher Bernarda Mariz d´Olivença. Enfim, é preciso ter paciência e aguardar que uma luz surja. Na Bahia encontramos um Mariz, natural das ilhas:


34. D. Francisco Mascarenhas filho 4. de D. Joam Mascarenhas III. Conde de Sancta Cruz, e da Condeça D. Beatriz sua espoza. Havia ocupado o posto de Capitão de Cavallos, e o de Mestre de Campo nas guerras da aclamação em a Provincia do Alentejo, quando se lhe passou a patente para este governo a 31. de Julho de 1665., e tomando menagem a 4. de Outubro, tomou posse a 28 de Novembro do mesmo anno, Em o de 1668. foi deposto, e prezo por alguns fidalgos, e povo desta Ilha; faleseu depois de muitos annos em Lisboa, sendo Estribeyro mor da Raynha. Em seu lugar puzerão a Ayres de Ornellas de Vasconcellos, natural da mesma Ilha, filho de Agostinho de Ornellas de Moura, e de sua mulher D. Brites de Mariz; o qual havia servido na Bahia, onde passou com o posto de capitam na Armada de Antonio Telles de Menezes, e com o mesmo posto acompanhou a D. João de Meneses, quando foi ter a França. Sucedeulhe//

Ceha – Madeira



Distinção
Habilitado para a Ordem de Cristo

Bandeirante Baiano
Foi Bandeirante na conquista do Sertão entre os rios de Contas, Pardo e São Mateus:

Para a conquista da região vizinha, Pedro Leolino Mariz, Superintendente das Minas, formou uma bandeira, entregando a direção a André da Rocha Pinto, em 25 de junho de 1727, ao qual conferiu um ‘Regimento’ de caráter extremamente militar. O objetivo da bandeira era explícito naquele regimento: conquistar o sertão entre os rios de Contas, Pardo e São Mateus, encontrar metais preciosos, estabelecer fazendas de gado, matar índios que se opusessem à conquista, estabelecer aldeias e destruir quilombos que fossem encontrados.

Religiões Afro-Brasileiras em Vitória da Conquista
Itamar Pereira de Aguiar
http://www.fflch.usp.br/sociologia/posgraduacao/jornadas/papers/st03-7.doc

Superintendente das Minas Novas do Fanado do Araçuaí
Foi nomeado durante a revolta no Arraial de São Pedro do Fanado com a missão de apaziguar a região e prover a administração.

Nomeado pelo Vice Rei Vasco Fernandes César para tentar sufocar a revolta e prover a administração no Arraial de São Pedro do Fanado.

Em 1726 (Memórias Históricas) Pedro Leolino Mariz, superintendente das minas do Estado, dirigiu com carta ao Governador, dando conta de haver seguido os roteiros do celebrado Muribeca, entrando, como ele, pelo Paramirim; e subindo o ribeirão de Nossa Senhora dos Remédios, encontrou um marco de boa pedra, diferente da do lugar, com 9 palmos de altura, cravado no chão, abaixo de uma grande cachoeira do dito rio, cujo leito continha muito ouro, provavelmente carregado de outra parte pela correnteza; encontrando mais na Serra Branca um fornilho e outros objetos de fundição deixados pelo dito paulista. Concluindo a dita carta, acrescenta Pedro Mariz, que se o serviço, por ele encontrado no rio dos Remédios, não foi efeito do tempo, seria exame do antigo "Belchior Muribeca", antes da descoberta dos haveres que promete em seus roteiros, os quais acha certíssimo, pois vai vendo todos os sítios com seus próprios olhos. Cumpre notar que essa exploração transpondo a serra e se encaminhando para oeste, afastando-se dos terrenos do rio de Contas, onde, apesar de possuir as maiores preciosidades mineralógicas do Brasil, jamais ninguém falou que lá existissem tais minas, indubitavelmente se dirigia para o distrito de Macaúbas lados de Brotas, antiga Chapada Velha.

Descrições Práticas da Província da Bahia
Durval Vieira de Aguiar - 2ª. Edição, Livraria Editora Cátedra,
Rio de Janeiro, 1979, Páginas 165 a 177.
http://www.macaubasemfoco.hpg.ig.com.br/aguiar.htm


Intendente e Comissário dos Diamantes
Em 20 de Setembro de 1757 foi nomeado Intendente das Minas e Comissário dos Diamantes.

Amostras de Salitre
Segundo Ernesto Carrara, por volta de 1750, enviou à Lisboa, amostras de salitre, retiradas da serra do Salitre, próxima ao Rio São Francisco.

Relatos de D. João Pimenta e August de Saint Hilaire

Em 1757, era intendente dos Diamantes no arraial do Tijuco (atual Diamantina) o senhor Tomás Robi de Barros Barreto. Nesse ano, baixou o Intendente uma rigorosa Lei com o fim de coibir o contrabando de diamantes. O termo de Minas Novas, que esteve sujeito à administração do vice-Rei Vasco Fernandes César de Meneses, sediado na Bahia, por Decreto Régio de l0 de maio de 1.757 foi reincorporado à Capitania de Minas, anexado à comarca de Serro Frio e sujeito à administração do Distrito Diamantino. Já a 20 de Setembro de 1757, é nomeado Mestre-de-Campo Pedro Leolino Mariz como Intendente e Comissário dos diamantes do distrito de Minas Novas do Fanado. Ao mesmo tempo, fez publicar em Minas Novas o seguinte Edital:

“Faço saber a todos os moradores das Minas Novas do Fanado que Sua Majestade foi servido reunir todo o distrito das ditas Minas, com suas tropas, que nelas se acham à comarca do Serro Frio o governo das Minas Gerais, ampliando a minha jurisdição por todo o referido distrito, onde até agora costumam retirar-se muitas daquelas pessoas, que foram exterminadas da demarcação dos diamantes, por entenderem que podiam existir no dito distrito; e suposta a boa-fé, com que até agora estavam, se faz ciente que não devem e nem podem de hoje em diante assistir no distrito novamente reunido, pelo que lhes assino o termo de um mês, para dentro dele despejarem o dito distrito, sob pena de serem degredadas por dez anos para o reino de Angola. (...)”

Parece que as leis, ordens e contra-ordens relativas à vida e aos trabalhos minerários na Demarcação Diamantina deixaram a desejar quanto ao seu cumprimento, durante muito tempo. Ou pelo menos até o ano de 1.771, quando os negócios fazendários do reino foram entregues à administração do implacável Marquês de Pombal. A 2 de agosto daquele ano, foi editado um minucioso regimento para o Distrito Diamantino, sob o qual padeceu tiranicamente o povo daquela demarcação.

Dentre as muitas prescrições, limitações, ordenações e ameaças, destacamos a seguir as dispostas em seu artigo X:

As pessoas residentes no Serro Frio e Terras Demarcadas que nelas têm casas, roças, lavras, ofícios ou negócios, ordeno que no termo de quinze dias contínuos e contados da publicação deste Regimento se apresentem ao Intendente Geral, que este ouvindo os administradores e o Fiscal depois de haver procedido a um rigoroso exame pelo qual conste que são pessoas ocupadas com a boa fé nos sobreditos ministérios lhe conceda licença por bilhetes por ele assinados, para se conservarem nos lugares de suas respectivas residências, registrando-se em um separado Livro de Matrícula todos os sobreditos, com a declaração dos seus respectivos empregos e exercícios para assim poder constar a todo o tempo quais são os que de novo se pretenderam introduzir por modo clandestino.

Que as outras pessoas que não puderem se legitimar na sobredita forma, sejam notificadas para saírem das referidas Terras no termo de quinze dias contínuos e contados daqueles em que as notificações foram feitas, debaixo das penas de serem presos e remetidos a sua custa ao Rio de Janeiro para ficarem reclusos nas Cadeias da Relação por tempo de seis meses. Que voltando sem licença às referidas terras, sejam presos e remetidos às mesmas Cadeias, para delas serem transportados ao Reino de Angola por tempo de seis anos. E que a respeito daqueles que se quiserem legitimar para irem se estabelecer de novo no Tijuco, ou qualquer outro dos arraiais vizinhos aos serviços, se examine; Primo - Qual é a justa causa com que foram estabelecer-se nas ditas Terras? Qual é o negócio que manejaram, para que pela combinação dos referidos fatos se conclua, ou se vêem com justa causa para se admitirem, ou se contrariamente são traficantes e de tais suspeitos, para serem logo notificados a saírem das referidas Terras debaixo das penas acima declaradas, não sendo achados em culpa que mereça outro maior castigo”. A julgar pelo caráter aventureiro de seus filhos, como já se mencionou aqui, o termo aventureiro cai bem a Manuel Luiz Pego. Ocorre, porém, que nem todos que se aventuraram na febre do ouro conseguiram fazer fortuna. E, como quer Oiliam José, muitos se tornaram improvisados agricultores.

http://belacapelinha.cantaminas.com.br/livrocapituloIIIa.htm


Sesmaria na Bahia
Foreiro dos Guedes de Brito no norte de Minas, então terras da Bahia:

Brasil: formação do estado e da nação‎ - Página 331 de István Jancsó - 2003 - 703 páginas
Estes últimos, por sua vez, alegavam ter recebido sesmarias continentais
naquelas partes.31 Os acadêmicos João Calmon (1668-1737), Pedro Leolino Mariz e

Historia territorial do Brazil: Bahia, Sergipe e Espírito Santo‎ de Felisbello Freire – 1906 Pág. 85
... propriedade do mestre de campo Pedro Leolino Marín


Fazendeiro
Em 1731 era Fazendeiro em Brejo das Carnaíbas, entre os atuais município de Guanambi, Igaporã e Caetité:

Fundição em Arassuaí
Teria estabelecido uma fundição em Arassuaí:

A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial‎ - Página 144
Charles Ralph Boxer - 1963 - 374 páginas
Tal pacificação foi grandemente devida ao trabalho de dois homens, Pedro Barbosa
Leal e Pedro Leolino Mariz. Este último não só estabelecera uma fundição em ...

A Homenagem
Não sabemos se há parentesco ou simples admiração:

Em Brejo do Campo Seco sucederam Miguel Lourenço, na liderança do clã, o genro Antônio Pinheiro Pinto, o neto Inocêncio Pinheiro Pinto, que substituiu o Pinto lusitano pelo Canguçu do feroz felino sertanejo e o bisneto Exupério Pinheiro Canguçu. Com a dispersão familiar, rompeu-se a tradição de se orbitar um patriarca, no início do período republicano no Brasil. Matias João da Costa, natural de Travassos, termo da vila de Mon¬¬talegre, arcebispado de Braga, extremo norte de Portugal, limites com a Galícia espanhola, filho de Vicen¬te Gonçalves Branco e sua mulher Maria João, estabeleceu-se na fazenda Brejo das Carnaíbas, que se estendia por partes dos atuais municípios de Gua¬nambi, Ma¬tina e Igaporã. Antes dele esse latifúndio pertencera, talvez por arrendamen¬to dos Guedes de Brito, ao mestre de cam¬po Pedro Leolino Mariz, depois superintendente de Minas No¬vas, a quem Matias se vin¬culava.

Morrendo em idade avançada, Matias João deixou bens avaliados por mais de 17 contos de réis, inventariados em 1758 e divididos pelos 11 herdeiros, inclusive Manoel, fi¬lho da sua mulher Clara Gonçalves, falecida dez anos antes e “hum Bento Rodrigues de Oliveira”.

Quando enviuvou, em 1748, Matias ditou seu longo testamento, determinando extensas séries de missas em Caetité, Rio de Contas, Salvador, Lisboa, Travassos, Montalegre e Braga. O inventário de Matias João registra, em Brejo das Carnaíbas: engenho, alambique, canaviais, roças de mandioca, e milho, 23 escravos, 100 rezes, quatro cavalos.

Possuía terras também no Planalto da Conquista e Minas Novas, territórios da circunscrição militar do coronel Pedro Leolino Ma¬riz, comandante de um dos dois regimentos de ordenanças do município de Nossa Senhora do Livramento das Minas do Rio das Contas. Sua vinculação ao comandante mi¬liciano e superintendente de Minas Novas deixou marcas até em nomes de filhos: um chamava-se Antônio Leolino e outro Roberto Leolino Mariz, distinguindo-se dos demais, exceto Manoel, com sobrenomes Gonçalves da Costa.

História de Famílias:
Origens portuguesas de grupos de consangüinidades do
Alto Sertão da Serra Geral da Bahia
Esse texto, encontrado nos arquivos da ENSF, é de autoria ainda desconhecida.
Por: André Pereira Batista (5a Série)

http://www.brumadonet.com.br/descobrindobrumado/historia/familiabru.htm

Uma comunidade sertaneja: da sesmaria ao minifúndio : um estudo de história ...‎ - Página 220
Erivaldo Fagundes Neves - 1998 - 353 páginas
Joana Gonçalves (com Constantino de Gouveia Teixeira), Josefa Gonçalves da
Costa (com João Gonçalves da Costa), Roberto Leolino Mariz, Timóteo Gonçalves... Através desses dois livros de donativos reais, sabe-se que o Regimento do Coronel Pedro Leolino Mariz compunha- se inicialmente de cinco, ...

Residência
Em 1731 era Fazendeiro em Brejo das Carnaíbas, no vale do Rio das Rãs, entre os atuais municípios de Guanambi, Igaporã e Caetité, com roçaria e engenho de cana, arrendada de Dona Isabel Maria Guedes de Brito
(Ruínas e Mitos: A Arqueologia no Brasil Imperial - Johnni Langer; Poder Local Oligárquico: Alto Sertão da Bahia - Erivaldo Fagundes Neves)

Vida Militar
Em 1722 era Coronel da Infantaria de Ordenanças.

Torre do Tombo

Pedro Leonino Maris
18/03/1722
Registo Geral de Mercês de D. João V, liv. 13, fl.391
Carta Patente. Posto de Coronel da Infantaria de Ordenanças


As Andanças
Prestou serviços em diversos lugares do Brasil

Expansão geográfica do Brasil colonial‎ - Página 208 de Basílio de Magalhães - 1978 - 348 páginas
Em 1724, Pedro Leolino Mariz andou em missão oficial, por diversos pontos do
interior da... O referido Pedro Leolino Mariz, em 1726 prestou notável serviço...


Douto mas não Doutor
Na opinião de Varnhagen, Pedro Leolino era escritor correto e elegante.

Pedro Leolino Mariz não era doutor, embora fosse douto. Escritor correcto e elegante, como provam as cartas ou relatórios.


História geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal‎

Página 123 de Francisco Adolfo de Varnhagen, Rodolpho Garcia – 1952
(G.). m (Pág. 113)


Elogio
Em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, Pedro Calmon cita de modo elogioso Pedro Leolino Mariz.

Academia dos Esquecidos
Foi correspondente da Academia.

O superintendente das Minas Novas de Araçuaí, Pedro Leolino Mariz tinha pertencido à Academia dos Esquecidos, e agora participava na dos...


Esquecidos e renascidos: historiografia acadêmica luso-americana, 1724-1759‎

Página 140 de Iris Kantor - 2004 - 286 páginas


Estes últimos, por sua vez, alegavam ter recebido sesmarias continentais
naquelas partes. 31 Os acadêmicos João Calmon (1668-1737), Pedro Leolino Mariz e..


Brasil: formação do estado e da nação

István Jancsó - 2003


Tragédia
Pedro Leolino foi assassinado mas ainda não sabemos o autor embora se fale que seriam os Lemes e Prados. É fato que merece ser pesquisado.

... Assassinaram o superintendente nomeado Dr. Pedro Leolino Mariz, natural da Bahia.


História geral do Brasil: antes da sua separação e independência de Portugal‎ - Página 123 de Francisco Adolfo de Varnhagen, Rodolpho Garcia – 1952.

... assassinando o Corregedor Pedro Leolino Mariz, funcionário da justiça. Crime
escandaloso, que movimentou os dragões d'El-Rey, saídos no encalço dos


O Marquês de Pombal

Álvaro Teixeira Soares - 1983


O Primo
O único citado até agora como seu parente: Sargento Mor José da Silva Guimarães:


... Pedro Leolino de Mariz, pedindo auxílios. Estes foram trazidos pelo seu primo, o sargento mor José da Silva Guimarães, já em 1732, o qual veio do...


Dicionário de Bandeirantes e sertanistas do Brasil, Séculos XVI-XVII-XVIII ...‎ - Página 189 de Francisco de Assis Carvalho Franco, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo - 1954 -


José da Silva Guimarães era Bandeirante de grande mérito, filho do Emboaba Pascoal da Silva Guimarães. Foi pai de Dona Isabel Maria que abriu um recolhimento para moças em Minas Novas. E sogro do Mestre de Campo João Gonçalves da Costa.

Homenagens
É nome de Rua em Santo Amaro, na Bahia.
Em Vila Franca, em São Paulo.
No Bairro Jardim Eliza, Campo Limpo, em São Paulo.

O Espólio
De fundamental importância encontrar o documento a seguir.

Catálogo de manuscritos. Códices [e maços]: Códices e maços‎ - Página 243 de Universidade de Coimbra Biblioteca Geral, Augusto Mendes Simões de Castro - 1935
... do espólio de Pedro Leolino, e do sequestro feito nos bens dêste, em cujo
número entravam alguns escravos, (fls. 182). — Oficio do Conde de Azambuja,


Casamento
Casado, por volta de 1720, com Dona BERNARDA MARIZ D´OLIVENÇA, nascida por volta de 1700. Foram Pais de:

1.1 Luiza Mariz d´Olivença. Nascida em 1719. Falecida em 1798. Casada, em 22 de Maio de 1735, em Minas Novas, com o Sargento Mor Antonio Godinho da Silva Manso, nascido em 14 de Junho de 1714 e 25 de Outubro de 1788, nas Minas de Caeté, tendo fixado residência em Minas Novas, em 1729. Com Geração.

1.2. Anna Mariz, que segue.


1.3 José da Silva Mariz. Na dúvida. Em 4 de Março de 1802, fez requerimento pedindo confirmação de carta patente.

Antes de 1802
Requerimento de José da Silva Maris, pedindo a confirmação da carta patente do posto de capitão da Companhia de Ordenança do distrito das Cabeceiras da Gorutuba, do termo da Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso e Minas Novas de Araçuaí.

Documento 67565
Ahu – Acl – Cu – 011 – Caixa 162 – Documento 9958

Residência
Morador no distrito das Cabeceiras da Gorutuba, na Vila de N. Sra. do Fanado de Minas Novas.

Gazeta do Rio de Janeiro
A gazeta do Rio de Janeiro de 16 de dezembro de 1813 noticia também que tanto a navegação do rio Belmonte como a nova estrada aberta pela sua margem, vão sendo mui freqüentadas, e que no mês de outubro subira para Minas-novas o capital José da Silva Mariz e descera para Mugiquicaba o capitão José Pacheco Rolim, conduzindo um grande comboio de cargas de algodão; e além disto, que aquela navegação cada dia se torna mais segura, fácil e cômoda
Hipólito - Brasil
(Planos de colonização e de catequese e dificuldades do Rio como Capital)


2. ANNA MARIZ casada com DOMINGOS ALVES DE MACEDO, Patriarcas da Família Alves de Macedo.


Fonte:

Genealogia Norte Mineira

Valdivino Pereira Ferreira


Pesquisa

Anamaria Nunes



sábado, 17 de julho de 2010

ALZIRA NOGUEIRA REIS


1ª Mulher a Votar no Brasil
1ª Médica de Minas Gerais

Nascida em 8 de Novembro de 1886, em Minas Novas, em uma casa na descida da Barra. Falecida em 23 de Agosto de 1970, em Niterói. Está sepultada no Cemitério do Maruí, no jazigo 966, da Família Vieira Ferreira.

Filha de José da Costa Reis e de Dona Augusta Pinheiro Nogueira. Neta paterna de Antonio Mendes dos Reis e Carlota Maria dos Reis. Neta materna de José Bento Nogueira e Cândida Pinheiro Torres.

ÁRVORE DE COSTADOS
Bisneta paterna de Antonio Mendes da Costa e Theodora Maria dos Reis. Bisneta paterna de Joaquim José dos Reis e Maria Francisca de Paula. Bisneta materna do Guarda Mor José Bento Nogueira Góes e Jacinta Maria da Conceição. Bisneta materna do Guarda Mor João Pinheiro Torres e Ana Ferreira Coelho. Terceira neta paterna de João Mendes da Costa e Maria Rosa do Nascimento. Terceira neta paterna de Manoel da Rocha Reis e Francisca Bárbara da Encarnação. Terceira neta paterna de Manoel dos Reis e Maria da Conceição (na dúvida) Terceira neta materna de José da Silva e... Nogueira Góes. Terceira neta materna de Jacinto Alves da Costa e Maria Cardoso de Matos. Terceira neta materna Francisco Pinheiro Torres e de Dona Ana Alves de Macedo. Terceira neta materna de José Ferreira Coelho e Ana Thadéia de Jesus. Quarta neta paterna de Antonio Mendes da Costa e Antonia Gomes. Quarta neta paterna de Antonio de Sousa Machado e Maria Dias. Quarta neta materna de Manoel Nogueira de Sá e Ignácia Maria de Jesus. Quarta neta materna de Francisco Antonio da Costa e Joaquina Alves Chaves. Quarta neta materna de Jacinto Cardoso de Matos e Ana Pereira Guedes. Quarta neta materna de Manuel Pinheiro Torres e Jacinta Maria Marques. Quarta neta materna de Domingos Alves de Macedo e Ana Mariz. Quarta neta materna de Francisco Ferreira Coelho e Maria Escolástica de Figueiredo. Quinta neta paterna de Rafael de Sousa Machado Magalhães e Menezes e Josefa da Silva Vieira. Quinta neta materna de José de Sá e de Dona Joana Nogueira do Prado Leme. Quinta neta materna de José Garcia Rosa e Maria Rosa. Quinta neta materna de Ernesto José da Costa e Prudência Antonia Joaquina de Jesus. Quinta neta materna de Manoel de Sousa Guedes e Maria Nunes Pereira. Quinta neta materna de Manuel Joaquim Torres e de Dona Maria Pinheiro Batista. Quinta neta materna de Domingos de Macedo e de Dona Joana Micaela de Jesus. Quinta neta materna de Pedro Leolino Mariz e Bernarda Mariz d´Olivença. Sexta neta materna de Bento Francisco Martins e Jerônima Sá. Sexta neta materna de Thomé Rodrigues Nogueira do Ó e de Dona Maria Leme do Prado. Sexta neta materna de Pedro Vieira e Maria Rosa. Sexta neta materna de Francisco Botelho e Maria da Conceição das Neves. Sexta neta materna de Manoel Rodrigues Góes e Maria de Borba Gato. Sexta neta materna de João Pinheiro Neto e Lourença Maria. Sexta neta materna de Manoel Antonio e de Dona Thereza de Jesus. Sexta neta materna de João Álvares e de Dona Maria Donvirgem.


MAGISTÉRIO
Fez o curso normal em Minas Novas, na Escola fundada pelo seu avô, Senador José Bento Nogueira. No Rio de Janeiro, matriculou-se no Berlitz School, onde aprendeu inglês e francês.

Segundo o seu Diário “Muito de Mim para Meus Filhos”, lia os livros de seu tio materno, Deputado Nogueira Jr.

De sua biblioteca (*), na sua ausência, retirei dois livros que muito influenciaram sobre mim: “Estudos Alemães” e “Polêmicas”, de Tobias Barreto. Sempre busquei autores por este citados, como Sílvio Romero, Mme. De Stäel (De L´Allmagne) e muitos outros.


Sem dúvida alguma, a grande paixão de Alzira era Nietzche. Em 1965, deu-me o seu exemplar de “Assim Falava Zarathustra” e sempre o me pedia de volta. Eu levava, ela o lia por algum tempo e me devolvia. Guardo-o até hoje.

Aos 16 anos, recebendo o Diploma de Professora, assumiu a cadeira de Santa Cruz da Chapada, indo mais tarde para Minas Novas ocupar uma vaga deixada por um professor que falecera. Dali transferiu-se depois para o Grupo Escolar de Ouro Preto, até que o Governo designou-a para Juiz de Fora. Assim, foi que começou a lutar pela vida a futura doutora. Em Juiz de Fora foi que nasceu na então Professora, a vontade de ser médica, e ali fez os devidos preparos, a fim de se submeter aos exames do curso secundário, que naquele tempo constava dos exames chamados “de conjunto”. Transferida para Belo Horizonte, pode concretizar seu grande sonho.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina


Professora, aos 16 anos, em Santa Cruz da Chapada, tendo ficado sob os cuidados do primo Monsenhor Mendes.


Em Santa Cruz da Chapada passei mêses de trabalho e de tristeza; como viver longe assim de casa? De fato eu tinha ali o Monsenhor Mendes (Pe. Antonio Mendes Nogueira), meu primo, filho de tia Ritinha, irmã de vovô, e do seu 1º. marido que eu não conheci. Seu 2º marido foi quem levou de Ouro Branco para lá meu Pai, e por isto nós o chamávamos Vovô Mendes e à nossa tia, Vovó Ritinha. Professora em Minas Novas, ocupando a vaga de um professor que falecera:


Então já era eu professora primária em Minas Novas, tendo antes ficado quasi 1 ano, como professora distrital, em Santa Cruz da Chapada, ganhando menos de 120,00 mensais. Meu Avô, político, arranjou-me essa nomeação e a remoção para a cidade onde o ordenado era de cêrca de 150,00 por mês. Alegre por ver-me trabalhando, dizia-nos: “Vocês recebem os juros de trinta contos! É uma fortuna!”

Professora em Ouro Preto, segundo seu Diário:

Se não o fizesse, interpretariam mal as frases mal ouvidas e no dia seguinte os disse-que-disse se avolumavam... Afinal decidi-me: vim com meu Avô para Belo Horizonte, fui ao presidente Bueno Brandão e lhe pedi minha remoção para a Capital. - “Aqui não há vagas, mas está em organização o grupo escolar de Ouro Preto; há oitenta candidatas mas farei sua remoção, se quizer...”


Transferida pelo Governo, foi Professora em Juiz de Fora, transferida depois para Belo Horizonte. Em Teófilo Otoni, fundou o “Curso São Vicente”, quando ainda não havia Ginásio na cidade.

A ESCRITORA

Foi poetisa, autora de muitos versos nos idos de 1900, como demonstra a crítica publicada no Jornal Argonauta, da cidade de Tubarão, de Santa Catarina. Durante esse meio século de existência de vida tranqüila e feliz, Belo Horizonte tem ouvido o canto de muitas poetisas que aqui viveram e sonharam. De memória podemos fazer uma ligeira estatística das que mais versos publicaram nos jornais e revistas que aqui circularam durantes esse longo período (cita várias poetisas).


Alzira Reis, em 1913, freqüentava a Escola de Medicina, onde se distinguia pelo seu talento e pela sua cultura. Num dos números de “Vita”, dessa época, encontramos sob o título “Às Portas da Ciência”, o seguinte soneto de sua autoria:

Que importa o que se diz. As velhas teorias
Estão cheias de pó, corroídas pela traça;
Pertenço à geração moderna destes dias,
Meu cérebro evolui, minha alma a ciência abraça!
Permitam-me que pense e cerre às fantasias
Meu coração. Sou livre e tudo me embaraça!
Prendem-me às tradições, roubam-me as energias
E às idéias irreais mandam-me erguer a taça!
É frágil a mulher; num momento impensado,
Sem o temor de um Deus, dos pais ou dos amigos
Interna-se na noite escura do pecado”.
Ó deixem-me lutar, se querem ver e crer;
Por entre as multidões, em meio dos perigos
Mais duradouro se ergue o templo do Dever!

“História Alegre de Belo Horizonte”
De Djalma Andrade


Em meados dos anos 50, iniciou um manuscrito “Muito de Mim para Meus Filhos”, mas não foi além de umas cinqüenta páginas de um caderno escolar. No final dos anos 60, Alzira publicou o romance: “Amores na Guerra e na Paz”.

A REVOLUCIONÁRIA
“Devia haver mais mulheres no mundo pensando como eu...”.
“O destino da mulher não podia ser o fogão“.
“Sentia-me prisioneira fora e dentro de mim”.
“Não me caso enquanto não houver divórcio no Brasil”.


São desabafos que expressam o pensamento de Alzira, nos idos de 1900, escritos por ela em seu diário, em 1952. As idéias libertárias de Alzira, o seu desejo de igualdade, talvez se expliquem pelo contato com o meio social da Capital Federal, onde as informações dos acontecimentos políticos e feministas na Europa e nos Estados Unidos chegavam pelos jornais. É possível que as constantes viagens ao Rio de Janeiro, em companhia do avô Senador, tenham influenciado o pensamento de Alzira, moça do interior de Minas Gerais.

É preciso considerar também o ambiente familiar em que Alzira vivia, os homens em especial, como veremos adiante. Homens cultos, influentes, de pensamento avançado para a época, certamente foram marcantes para que Alzira se tornasse uma mulher de fibra e ousada, mas em especial, acreditamos na influência de uma mulher excepcional para o seu tempo: a sua tia materna, Luiza Pinheiro Nogueira, conhecida como Sinhazinha Badaró, que foi Chefe Política de Minas Gerais.

Pequena Biografia de Sinhazinha Badaró
Luiza Pinheiro NogueiraNascida em 1 de Novembro de 1868. Falecida em 12 de Maio de 1954. Conhecida como Sinhazinha Badaró. Chefe Política no Vale do Jequitinhonha. Com a morte de seu marido, Sinhazinha entrega ao seu filho, Badaró Jr., a chefia política de Minas Novas. Dividido o jovem Badaró Jr. não aceita a responsabilidade com receio de prejudicar sua bela carreira de médico. Ante a recusa do filho em ocupar a chefia política, Dona Sinhazinha toma a decisão de tomar as rédeas da política de sua terra.

Sinhazinha Badaró
Valdivino Pereira Ferreira


Mais importante ainda são as conquistas de Alzira à luz dos dias de hoje quando sabemos que, no início de 1900, as suas viagens ao Rio de Janeiro eram feitas em lombo de mula. De Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, até Belo Horizonte, eram cerca de 500 km percorridos, e até Diamantina, 300 km representando muitos dias de viagem em lombo de mulas. Em Belo Horizonte, ou em Diamantina, tomava-se o trem para o Rio de Janeiro.

A JORNALISTA

Em Teófilo Otoni, colaborou por longos anos publicando seus trabalhos no “O Nordeste Mineiro”. Em companhia de seu marido, o Dr. Vieira Ferreira Neto, hoje, Juiz de Direito em Niterói, fundou o jornal “O Estudante”. Figuram escritos seus na “Tribuna Feminina”, e na imprensa de Belo Horizonte, Rio e Niterói.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina


Em companhia do seu marido, Dr. Joaquim Vieira Ferreira Netto, fundou o jornal “O Estudante”, em Teófilo Otoni, entre 1926 e 1931.

Articulista
Alzira jamais deixou de escrever. Morasse onde morasse estava sempre colaborando com os jornais locais, defendendo as suas causas.

Jornal “O Mucuri”, de Teófilo Otoni.
Jornal “O Nordeste Mineiro”, de Teófilo Otoni.
Jornal “Tribuna Feminina”, de Teófilo Otoni.
Jornal “Diário da Noite”, Ouro Preto.
Jornal “O Fluminense”, de Niterói.
Revista Feminina, de São Paulo

Revista Feminina
A Revista Feminina, uma publicação mensal dirigida às mulheres, publicada entre 1914 e 1936, em São Paulo, por Virgilina Salles de Souza, e que teve entre as suas colaboradoras Júlia Lopes de Almeida, Francisca Júlia da Silva, Alzira Reis, Francisca Praguer Fróes, jamais esposou tal idéia. Como observa Sandra Lima em seu estudo sobre a revista:

“O divórcio era encarado como ultrajante e prejudicial à mulher, e para reforçar essa visão colaboradoras expressavam seu repúdio a esse perigo que punha em risco sua soberania no lar”.
(LIMA, 1991:195)
Francisca Praguer Fróes e a Igualdade dos Sexos
Elisabeth Juliska Rago


A Apresentação
Revista Feminina Junho de 1918 N. 49
São Paulo Ano V - Página 6


Uma Escritora Mineira
Nossa Revista vai atraindo dia a dia , a atenção e as simpathias das pessoas mais representativas da sociedade brasileira. Raro é o dia em que não recebemos uma carta, firmada, hora por um homem de letras, ora por uma sacerdote ou chefe de família, em que é louvada a nossa atitude e encorajado o nosso esforço. De todos os pontos do paiz são-nos dirigidos economios enthusiasticos. Nem sempre nos é possível trasncrever esses economios, por mais que, como é de ver, nol-o solicite o amor próprio. Quem agora nos escreve, offerecendo a sua pena e pondo-se lelmente ao nosso lado, é D. Alzira Reis, uma das mais brilhantes e intelectuaes representantes do nosso sexo.

D. Alzira Reis é doutoranda de medicina em Minas. Dotada de uma indole eminentemente combativa, não se contenta ella de dedicar-se apenas as matérias de que conta o seu curso médico: apraz-lhe, também, guiar o seu espírito curioso atravez de idéias que mais de perto devem interessar a mulher brasileira, no sentido de a dignificar e honrar no seio da família e da sociedade.
Pela carta que nos dirigiu a distincta cultora das letras, a sua indole de combate está patentemente demonstrada. Muitas das suas idéias, em matéria philosophica e religiosa, não são as nossas; a muitos dos seus conceitos, externados em artigos de jornaes , opomos o nosso, contrario. Isso não obsta a que reconheçamos na jovem doutoranda de medicina as mais raras aptidões para as Letras e uma aguçada percepção para as indagações philosophicas.

D. Alzira Reis é também uma notável poetisa. Maneja o verso e o vernáculo com precisão. Dentre alguns sonetos que compoz, destacamos o que tem por título “Sigamol-o!” que quer como fórma quer como inspiração e execução é excellente.
Ei-lo:

Sigamol-o!
Sigamol-o! Jesus é Deus e é sciencia.
Que achais que aqui não encontrais?
Em vez de lhe cantardes a demencia
Entendei-lhe os princípios divinaes.
Só exaltes a sciencia sem consciencia.
Vossos pensares não! Mas são reaes!
Fazei de vossa vida uma potencia
Renunciando aos gosos pelos ais.
Com Christo alfim tereis felicidade.
Homens! Ouvi-lhe prestes o conselho!
Mais que elle, no universo, amar quem hade?
“Salva Jesus os crimes do homem velho”
Além da sciencia, é amor, é divindade.
Onde a razão? _ Nas folhas do Evangelho.

Todas as demais composições da distincta poetisa se mede por esse soneto.


Artigos da Revista Feminina
Desafiando até mesmo a orientação editorial da Revista, Alzira não temia se expor, defendendo seu pensamento sobre os direitos da Mulher.

Curiosidade
Alzira era uma leitora ávida do “Diário Oficial”, fato que sempre me pareceu estranho até que eu descobri que, na verdade, acompanhava o andamento de um processo que abrira, depois dos 70 anos, contra o Tribunal de Justiça em que pleiteava melhorias na pensão de viúva.

1ª MÉDICA DE MINAS GERAIS

"Minas, a Terra Católica, toma-me por imoral!"

Alzira formou-se em 1920 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Em represália pela ousadia, Dona Augusta ficou seis meses sem falar com a filha. Foram imensas as lutas de Alzira contra o preconceito.

Imperavam os preconceitos por toda a parte, e em Minas mais que em outros centros ventilados pelas brisas marinhas. Entre montanhas fechada, Minas – a terra católica – entendia que à mulher Deus reservara apenas o fim de ter filhos e cria-los. Como lutei contra o preconceito de que é imoral a mulher que estuda Medicina! E o meu cérebro carecia de saber! E o saber, êsse ou aquêle, era a meu ver elevação feminina, rompimento das cadeias que a traziam presa à ignorância, a costumes de atrazo e obscurantismo já incompatíveis com as exigências de civilização e da dignidade da mulher dentro e fora do lar.

Matriculada no 1º Ano de Medicina, fui chamada à Secretaria, melhor à Directoria: o sr. Diretor desejava conversar comigo. Espírito elevado, o dr. Cícero Ferreira, 1º Diretor e um dos fundadores da Faculdade, propôs-me continuar na Faculdade de Farmácia, de onde eu me transferira, e – feito esse curso de 3 anos - faria eu o de Chímica (Química), de 3 anos também, e êle me garantia uma cadeira das de química da Faculdade. Refleti longos minutos; o oferecimento era deveras tentador... Mas eu prometera a mim mesma fazer o curso médico; faltar a esse compromisso era rebaixar não a mim só, mas a mulher em geral.
Havia mulheres médicas, eu sabia, mas o preconceito perdurava, e a todo momento focalizava-se o tal peso do cérebro da mulher como inferior ao do homem. Tolice dos tolos.

Eu me matriculára para ser médica – respondi ao Diretor. Agradeci. - Não se arrependa no futuro... - predisse. Como lutei! E já no 1º Ano comecei a sofrer: fui reprovada justamente em química! Meu professor era o alemão Alfredo Schaeffer, que eu muito admirava; cavalheiro mas exigente. - Podia ter dado simplesmente à senhora, mas isto não é nota para a senhora... - disse-me êle, desculpando-se. Estudei durante as férias, noite e dia; abstive-me de tudo que não o estudo de química organica e inorganica. Ao cabo de 3 mêses fui aprovada com distinção. Lembro-me de uma nota à margem em uma prova parcial de Física (1º Ano) escrita pelo Professor Zoroastro Alvarenga: - Os últimos são os primeiros. Muito bem. Por efeito mesmo de minha transferência, faltei as primeiras aulas.


Não me esquecerei jamais de quando entrei, pela primeira vês, na Sala de Anatomia, já no 2º Ano: mesas de mármore dispostas de um e outro lado da vasta sala, uma passagem entre todas, e eu caminhando de alma e cabeça altivas buscando a tarefa que me havia designado o professor.


Em cada mesa um cadáver nú, brancos, pretos, morenos e todos os olhares me buscavam – eu sentia. Por que? Porque os cadáveres eram nús, porque ali, naquela nudez estava o quê de preconceito e imoralidade:

“Ver homens nús ? Que horror!”

Era a meu ver material de estudo, e me foi entregue uma articulação de joelho para dissecar.

Gostava de estudar Anatomia, mas preferia o estudo nos livros, no meu Iestut grande, de 4 volumes, onde havia muita “letra miúda”, anotações que o Professor Borges da Costa gostava de perguntar, mas não havia o vapor do formol a arder nos olhos. Plenamente foi minha nota, quando sonhei distinção! Vasta a matéria, gastava longas horas estudando sistema nervoso, os trabalhos de Mlle. Stefamorska, russa ou polonesa, que eu adorava e desejava imitar.

Meu Testut grande (havia o resumo em 1 pequeno volume) – vendi-o no 6º. ano porque careci de dinheiro. Sofri com essa perda e hei de ainda ter esse autor, que hoje custa alto preço. Meus livros eram todos em francês, menos 2 ou 3 apenas. Apenas me recordo de uma Física Médica (1º. ano), da Higiene, de Afrânio Peixoto e outro, não sei, de Medicina Legal. Alguns vendi (como eu precisava de dinheiro na ocasião das matrículas para comprar novos livros!), e sinto falta, até hoje, do tratado de Fisiologia de Gray, do meu caro Testut “grande” (Anatomia, Traité d´Anatomie), de obras de Fisiologia Nervosa, de autores de Semiologia Médica, etc., etc.

(...) Assim passamos, mas os moços do 5º ano, já aborrecidos desde o ano anterior, mais alguns professores, conseguiram a retirada desse homem, que foi aceito na Faculdade de São Paulo, de onde saiu mais tarde sob tiroteio e nem sei mais o quê de terrível. Era o inverso do Professor Alfredo Schaeffer, que só deixou a cadeira de Química e o Laboratório de Analyses do Estado quando o Brasil declarou guerra a Alemanha, para onde se foi.


Novembro de 1952
Muito de Mim para Meus Filhos
Alzira Reis Vieira Ferreira

Os Preconceitos
Os preconceitos, Alzira os sentia em todos os ambientes. Foi expulsa da pensão de moças em Belo Horizonte onde morava, foi proibida de freqüentar alguns lugares além das perseguições na Faculdade.

Em casa, sua mãe Augusta ficou sem meses sem lhe dirigir a palavra.

"Se Minas não se civiliza, civilizo-me eu!"

E arrogante, em viagem ao Rio de Janeiro, cortou o cabelo "à la Cocote", o famoso Chanel dos dias de hoje, corte que adotou para a vida toda, provocando um imenso escândalo em Minas.

Aluna Ilustre da Universidade Federal de Minas Gerais

"O acolhimento da diferença é vital para a Universidade"
Ana Lúcia Gazzola
Reitora da UFMG


Há momentos na vida de cada um de nós em que a experiência, de tamanha intensidade, se torna epifania. Os tempos se superpõem e se entrecruzam. O olhar, iluminado pela alegria e emoção do presente, busca, ora o passado, ora o futuro, ora nostálgico, mas cheio de gratidão, ora pleno de ansiosa esperança. (...) Acorrem à nossa memória emocionada os nomes de Fernando de Mello Viana, Afonso Pena, Gustavo Capanema, Arthur Versiani Velloso, Francisco Mendes Pimentel, José Baeta Vianna, Alzira Nogueira Reis, Otacílio Negrão de Lima, Cyro dos Anjos, Abgar Renault, Carlos Drummond de Andrade, Odilon Behrens, Henriqueta Lisboa, Milton Campos, Pedro Aleixo, Juscelino Kubitschek de Oliveira, Tancredo Neves, Edgard da Mata Machado, José Carlos da Mata Machado, Rubens Romanelli, Amilcar Vianna Martins, Hélio Pellegrino, Wilton Cardoso de Souza, Guimarães Rosa, Wilson Teixeira Beraldo, Etelvina Lima, Francisco Magalhães Gomes, Pedro Nava, Sônia Viegas, Francisco Iglésias, Herbert José de Souza, o Betinho. Eles, e muitos outros de igual estatura, renovam permanentemente a grandeza da Universidade Federal de Minas Gerais.

Boletim Informativo - Nº 1343 - Ano 28 - 01.04.2002
Trechos do discurso proferido no dia 22 de Março.
A íntegra está disponível na página www.ufmg.br.

VERBETE

“Para médica da roça, a senhora sabe o suficiente”.

Professor Hugo Werneck

Dra. Alzira Reis Vieira Ferreira foi a Primeira Médica diplomada pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais. Foi igualmente a Primeira e Única representante feminina, formada em Medicina, que clinicou em Teófilo Otoni. Diplomada em 1920, já em 1926 chegava a esta cidade onde permaneceu até 1931.

A turma da Dra. Alzira reunia uma elite de estudantes, que mais tarde se transformou em nomes consagrados na medicina mineira, quiçá do Brasil. Foram seus colegas os Profs. José Baeta Viana, José Aroeira, Ramiro Berbert de Castro Ernani Agrícola e muitos outros que ocupam lugar de destaque no cenário nacional. No quarto ano do curso médico, ocupou o lugar de interna da Clínica Pediátrica, sob a direção do Prof. Samuel Libanio.

Após sua formatura, clinicou em Minas Novas, Friburgo e Teófilo Otoni. Possui a Dra. Alzira uma enorme bagagem de trabalhos científicos, bem como várias publicações de fundo jornalístico e ainda várias poesias. Além de trabalhos esparsos sobre Pediatria, fez também publicar um magnífico Relatório sobre o Serviço de Lepra em Niterói.

Em Teófilo Otoni, colaborou por longos anos publicando seus trabalhos no “O Nordeste Mineiro”. Em companhia de seu marido, o Dr. Vieira Ferreira Neto, hoje, Juiz de Direito em Niterói, fundou o jornal “O Estudante”. Figuram escritos seus na “Tribuna Feminina”, e na imprensa de Belo Horizonte, Rio e Niterói.

Aos 16 anos, recebendo o Diploma de Professora, assumiu a cadeira de Santa Cruz da Chapada, indo mais tarde para Minas Novas ocupar uma vaga deixada por um professor que falecera. Dali transferiu-se depois para o Grupo Escolar de Ouro Preto, até que o Governo designou-a para Juiz de Fora. Assim, foi que começou a lutar pela vida a futura doutora. Em Juiz de Fora foi que nasceu na então Professora, a vontade de ser médica, e ali fez os devidos preparos, a fim de se submeter aos exames do curso secundário, que naquele tempo constava dos exames chamados “de conjunto”. Transferida para Belo Horizonte, pode concretizar seu grande sonho.

Teófilo Otoni deve à Dra. Alzira dois grandes empreendimentos: o primeiro constando do “Curso São Vicente”, onde a mocidade desta terra podia receber os melhores ensinamentos, de vez que por aquele tempo ainda não existia o Ginásio.

O segundo foi a fundação do 1º. Centro de Puericultura, uma obra de grande alcance, e que prestou grandiosos serviços à nossa cidade, tal como vem realizando o atual Lactário. Para a realização deste notável empreendimento, é a Dra. Alzira quem fala:

Contei com o apoio integral, com o elevado auxílio oficial do
humanitário e distinto descendente dos Ottonis, o Dr. Lourenço Ottoni Pôrto;
do eficiente e constante auxílio do Farmacêutico João Neves; da assistência prestimosa da Dra. Edith Machado e outros elementos de destaque da sociedade de Teófilo Otoni, que merece todo meu carinho grato e amigo.


Chamava-se “Ambulatório Infantil Moncorvo Filho”, a fundação da Dra. Alzira Reis Vieira Ferreira, que desde o primeiro instante contou com toda a dedicação e trabalho de seu colega Dr. Paiva. O Ambulatório contou com todo apoio do Dr. Moncorvo Filho, que além dos auxílios necessários, prometeu uma visita ao Serviço, o que infelizmente não foi efetuado. Em Niterói, a Dra. Alzira ocupou durante a Interventoria Amaral Peixoto, o cargo de Médica do Centro de Saúde.

Fundou e presidiu a Sociedade Fluminense de Assistência aos Lázaros e o Preventório Vista Alegre, destinado aos filhos sadios de lázaros. Entre 1933 e 1941, a vida da distinta Médica foi toda dedicada à função humanitária, exercida gratuitamente em benefício dos atingidos pelo Mal de Hansen. Conseguiu, porém, grandes vitórias e a maior delas é ter deixado 100 crianças abrigadas em prédio próprio e a garantia da continuidade de seu notável trabalho.

De fato, até a data presente, existe o “Educandário Vista Alegre”, prestando seus inestimáveis benefícios, prestigiado, como o fora na época de sua fundação pelas autoridades federais e estaduais.

Em 1941, a Dra. Alzira recolheu-se ao lar:


“Para os meus quatro filhos cuja educação pedia minha assistência”.

A partir de 1941, deixou completamente a clínica, não freqüentou mais a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Niterói, mas guarda com todo carinho o diploma honroso de sócia daquela entidade. Interessante para nós outros, é relembrar o verdadeiro círculo de aço que envolvia a nossa biografada por volta do ano de 1913, data do início de seu curso de Medicina. O preconceito dominava as camadas sociais da capital mineira. Falar que uma representante de sexo fraco ia estudar Medicina era absurdo. O curso médico era considerado:

“Nada prático para a mulher”.

O próprio Prof. Cícero Ferreira adverte a caloura de medicina sobre a imprudência que ia cometer. Amigo intransigente dos seus alunos, procurava, na medida do possível auxiliá-los e com a estudante Alzira foi muito franco. Os obstáculos foram removidos:

Porque eu tinha um compromisso comigo mesma, especialmente com a Mulher em geral: a capacidade feminina, de trabalho intelectual então espezinhada, devia mais uma vez demonstrar-se (pensava eu) e assim eu poderia obter cultura maior. A luta era grande, tanto quanto o meu espontâneo amor à ciência.
Tracei o caminho e fui ao fim. Era o essencial...

Nasceu da pragmática daquela época, a frase pronunciada pelo Prof. Hugo Werneck, depois de ter conseguido provas finais na cadeira de Ginecologia, considerada “facultativa”, baseado na falta de apresentação de uma prova parcial pela turma da Dra. Alzira. O sábio e exigente Professor não deu a nenhum aluno mais que um “simplesmente”, e se dirigindo à futura médica, disse: “Para médica da roça, a senhora sabe o suficiente”. E assim foi que a Dra. Alzira Reis Vieira Ferreira conseguiu realizar seu desejo: assim pode fazer algo que hoje consagra o seu nome.

100 Anos de Medicina - Páginas 53 a 56
Djalma Andrade

Gripe Espanhola
Segundo a Professora Ismênia de Lima Martins, Alzira esteve de plantão no Ambulatório de Belo Horizonte durante a grande epidemia do início do século XX.

“Minha mãe não tinha vocação para cobrar. Só dava consultas de graça”.

Vicente Fernando Vieira Ferreira

Serviço Público
Em Niterói, foi nomeada Médica do Serviço Público Estadual, onde atuou por algum tempo, até descobrir irregularidades e pedir demissão. Era obstetra com consultório na Av. Amaral Peixoto.

Correspondência com Médico de Manguinhos
Um bom exemplo dos preconceitos que Alzira enfrentou está na carta que recebeu, em resposta, do Dr. Antonio Souza de Araújo:

Manguinhos, 26 de Julho de 1941.
Presada colega e amiga Dra. Alzira

Cordiais saudaçõis
Respondendo ao seu cartão de 21 do corrente, aliás dois, pois há outro do dia 20, cabe-me informar-lhe que tão cedo não haverá curso de leprologia. Neste Instituto dou a matéria cada fim de ano, de modo resumido, a cada turma de médicos do Curso de Aplicação. Acho mais acertado que a Sra. se dedique, no Centro de Saúde, a outra especialidade de mais larga repercussão e utilidade para a sua atividade profissional.
Fazendo sinceros votos pela sua felicidade pessoal, incito-a a não abandonar de todo a sua criançada do Preventório de Vista Alegre.
Com toda a estima e consideração
Seu colega Antonio Souza Araújo

EDUCANDÁRIO VISTA ALEGRE

Foi a Idealizadora, Fundadora, e Administradora do Educandário Vista Alegre, em Itaboraí, para filhos dos Portadores de Hanseníase. Durante muitas décadas se dedicou integralmente ao Educandário, administrando-o como se fosse a sua casa.
Em 1939, Dra. Alzira fundou e presidiu a Sociedade Fluminense de Assistência aos Lázaros e o Preventório Vista Alegre, destinado aos filhos sadios de lázaros. Entre 1933 e 1941, a vida da distinta Médica foi toda dedicada à função humanitária, exercida gratuitamente em benefício dos atingidos pelo Mal de Hansen. Conseguiu, porém, grandes vitórias e a maior delas é ter deixado 100 crianças abrigadas em prédio próprio e a garantia da continuidade de seu notável trabalho.

De fato, até a data presente, existe o “Educandário Vista Alegre”, prestando seus inestimáveis benefícios, prestigiado, como o fora na época de sua fundação pelas autoridades federais e estaduais. Em 1941, a Dra. Alzira recolheu-se ao lar:
“Para os meus quatro filhos cuja educação pedia minha assistência”.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina


Na Luta contra a Hanseníase
Na área médica, juntou-se a Alice Tibiriçá nos cuidados com os filhos dos Portadores de Hanseníase, dedicando-se a eles pelo resto da vida.

Pequena Biografia de Alice Tibiriçá
Fundadora da Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra. Alice de Toledo Ribas Tibiriçá, nasceu dia 9 de janeiro de 1886, na cidade de Ouro Preto, estado de Minas Gerais mas viveu na cidade de São Paulo onde conheceu e se casou com João Tibiriçá Neto. Alice foi uma das grandes atuantes das causas sociais no Brasil na primeira metade do século XX. (...) Durante a década de 1920, organizou a Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra. (...)


A Sede Oficial
Alzira começou a construção da nova sede ainda em 1937. Para tanto teve o apoio irrestrito do Dr. Noronha Santos, engenheiro e autor do projeto e construtor, e do Dr. Luis Palmier, médico ilustre, amigos queridos de Alzira e beneméritos do Educandário Vista Alegre.

Pequena Biografia do Dr. Noronha Santos
Engenheiro, Construtor do Educandário Vista Alegre e seu Benemérito. Funcionário do Departamento Estadual de Obras, construtor do Hospital de São Gonçalo. Para ele, “tudo que concerne com a questão hospitalar no Brasil classifico de primordial e inadiável. Sendo estabelecimentos de saúde e visando a eugenia da raça, necessário se torna o apoio coletivo, e o hospital de São Gonçalo estou certo, preencherá tal finalidade não só pelo núcleo de abnegados que esposou a sacrossanta cruzada como também devido ao amor próprio do povo gonçalense, habituado a grandes acontecimentos, que saberá como ninguém conservar intangível o glorioso e utilíssimo patrimônio”.

Pequena Biografia do Dr. Luis Palmier
Político, Patrono da Cadeira 23 de Academia Fluminense de Medicina. Nasceu em Sapucaia (RJ) em 21 de setembro de 1893 e faleceu no Rio de Janeiro em 16 de outubro de 1955. Formou-se pela Faculdade Nacional de Medicina em 1918. Especializou-se em Obstetrícia, Ginecologia e Neonatologia. Recém-formado, combateu a gripe espanhola em Niterói e São Gonçalo, onde afinal se radicou. Três anos depois foi um dos fundadores do Hospital de São Gonçalo, cuja construção foi até 1934. Criou o Centro Cívico Rui Barbosa, a Biblioteca Luís Palmier Filho, o Lactário Infantil, o Instituto Fluminense de Cultura e o Instituto Gonçalense de Amparo a Meninas e Infantas. Colaborou na revista Ilustração Fluminense, lançada em 1921. Lecionou Microbiologia na Faculdade de Farmácia e Odontologia de Niterói, incorporada em 1929 como curso anexo à Faculdade Fluminense de Medicina.


Ainda em 1937, no início da construção da nova sede, Dra. Alzira recebeu a visita do Governador Collet, e de outras autoridades. Na inauguração do prédio ainda em obras em 17 de Outubro de 1939, estiveram presentes a Sra. Xavier da Silveira, os Srs. Drs. Gurgel Ruy Buarque, Secretário de Educação e Saúde, Dr. Augusto Amaral Peixoto, Diretor da Saúde Pública, Juiz da (...). A placa foi descerrada pelo Governador Amaral Peixoto, em 1939.

Nesse mesmo ano, Dra. Alzira assinou a Escritura do Educandário Vista Alegre.
Os RecursosPara obter recursos, foram feitas diversas campanhas. A renomada pianista Guiomar Novaes que ofereceu um Concerto em favor do Educandário.

Pequena Biografia de Guiomar Novaes
Nascida em 28 de Fevereiro de 1894, em São João da Boa Vista, SP e falecida em 7 de Março de 1979, São Paulo (SP). Como explicar o talento musical de uma pianista que começou a tocar aos 8 anos já com absoluto domínio da técnica, com poesia e precisão? Guiomar Novaes, a maior pianista brasileira e uma das maiores celebridades nos meios musicais da Europa e dos Estados Unidos no início do século XX, transfigurava-se de tal modo ao piano, tocando de forma arrebatadora, como se estivesse improvisando, que diziam parecer estar em transe ou ser a encarnação de um grande artista. Para alguns, sua genialidade era um mistério psicológico, um milagre musical. "Toca como se algum espírito estivesse soprando em seu ouvido os segredos mais profundos de toda a harmonia", escreveu um crítico do Times, dos Estados Unidos.

Descaso com a Memória
Em visita recente ao Educandário, eu e a Professora Ismênia - Historiadora e, à época, Diretora do Arquivo Público Estadual, que está pesquisando a vida de Alzira - descobrimos que não existem mais documentos da fundação do Educandário.

A Federação Eunice Weaver recolheu a documentação e, segundo sua Presidente, Marta Coutinho, em telefonema da Dra. Ismênia, os documentos foram queimados. Para nossa perplexidade, ainda no telefonema, a Presidente da Federação disse que quem fundou o Educandário foi Eunice Weaver e não, Alzira!

Mais perplexas ficamos quando a Sra. Taís Carrapatoso, que foi Presidente do Educandário, na década de 50, tendo trabalhado com a Dra. Alzira, disse à Professora Ismênia que a fundadora do Educandário foi Eunice Weaver!

É lamentável que fatos assim ocorram impunemente em nosso país... Sei que Alzira não se importava com louros, fama ou dinheiro, mas a sua reação, quando soube que retiraram a placa de bronze do Educandário, demonstra o apreço que tinha pela sua obra, e o Educandário foi sua obra, obra de toda uma vida!

A Retirada da Placa de Bronze

A placa de bronze que marcou a fundação do Educandário, em 17 de Outubro de 1939, foi retirada, pela Fundação Eunice Weaver, com Alzira viva:

Podem tirar a placa, mas não podem apagar que fui eu quem fundou o Educandário”.

Alzira Reis Vieira Ferreira

“O mais surpreendente é que apagaram”

Vicente Vieira Ferreira
Lilia Barcellos.

O Afastamento do Educandário
Nos anos 50, Alzira afastou-se da direção do Educandário. No início dos anos 60, depois da morte de seu marido, Alzira afastou-se de vez, mas sempre fazia visitas.

A Última Visita

Nos últimos anos, depois da morte de Alzira, o Educandário foi sendo desconsiderado pelas autoridades e se encontra em estado de quase absoluto abandono. Possui a Dra. Alzira uma enorme bagagem de trabalhos científicos, bem como várias publicações de fundo jornalístico e ainda várias poesias. Além de trabalhos esparsos sobre Pediatria, fez também publicar um magnífico Relatório sobre o Serviço de Lepra em Niterói.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina


Em meados dos anos 60, lembro-me de ter ido – com vovó, minha mãe e tio Vicente - levar um aparelho de tv que ela comprara para as crianças. Aliás, nessa viagem de jipe, vi pela primeira e única vez, minha avó dar gargalhadas. Ela, sempre tão contida, diante da súbita queda de um burro que puxava uma carroça, riu. Rimos todos. O pobre jumento escorregou na beira do asfalto. Quedas sempre despertam o riso, de acordo com Bergson. Lembro-me de um fato que vovó e meu pai costumavam contar: certa vez, descendo do bonde no Canto do Rio, no final da Praia de Icaraí, em Niterói, vovó Alzira caiu, e papai, nos seus doze anos, ao invés de acudi-la, sentou-se no meio fio morrendo de rir. Vovó foi acudida por estranhos – que também deviam estar rindo – e depois quis dar uns tabefes em meu pai, mas acabou rindo também.

A FEMINISTA

Pioneiras do Feminismo no Brasil, a anarquista Maria Lacerda de Moura e a médica Alzira Reis (ambas mineiras) foram das primeiras a sair em campo contra a tão propalada inferioridade
do sexo feminino.

Edgard Luís de Barros
Professor da USP

Pioneira do Feminismo no Brasil
Embora seu nome seja sempre omitido, Alzira sempre esteve a frente do seu tempo e de todos os movimentos pelos Direitos da Mulher, como atesta o texto acima. Ao lado de Maria Lacerda de Moura, foi pioneira do Feminismo no Brasil.

Pequena Biografia de Maria Lacerda de Moura
1887 – 1945
Escritora feminista brasileira nascida em Manhuaçu, Estado de Minas Gerais, historicamente envolvida intensamente com o movimento operário anarquista e considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil e uma das poucas ativistas que se envolveu diretamente com o movimento operário e sindical.


PRIMEIRAS ELEITORAS DO BRASIL

Em 1905, Alzira e duas amigas, Cândida Maria Souza e Clotilde de Oliveira, com base na Constituição, alistaram-se eleitoras.

É importante revelar a importância do Juiz de Minas Novas, Dr. Francisco Coelho Duarte Badaró, casado com Dona Luiza Pinheiro Nogueira, tia de Alzira, que entendia ser esse um direito das mulheres e concedeu o alistamento.

As três professoras votaram em separado, provocando grande revolta em Minas.

Pequena Biografia de Cândida Maria Santos
Professora. Era filha de Dona Eufrosina Miranda Santos, sobrinha do Major José Benício Simões de Miranda. Irmã de Benedito Camilo dos Santos, farmacêutico conhecido como Siô Dito, de Evaristo Mário e da sua gêmea Maria Cândida.

Pequena Biografia de Clotilde de Oliveira

Professora
De apelido Clozinha, seguindo o “Roteiro das Famílias de Minas Novas” pelas ruas da cidade, da autoria de Demósthenes César Jr., acreditamos que fosse filha do Promotor de Justiça e depois Juiz Municipal, Dr. Francisco Martiniano de Oliveira, por ser a única família com esse apelido na cidade e única a ter uma jovem de nome Clotilde Oliveira. (...) Ao lado do sobrado, onde por muitos anos morou o Promotor de Justiça e depois Juiz Municipal, Dr. Martiniano (Francisco Martiniano de Oliveira) com a sua velha mãe paralítica, Dona Antônia, a esposa Dona Marieta e os filhos Clozinha (Clotilde), Mimi (Semiramis), Humberto, Arthur e Gentil (...)

O Primeiro Voto Feminino do Brasil
A História Oficial registra o 1º voto feminino em 1926, em Mossoró, mas a verdade inconteste é que esse direito cabe a três jovens mineiras que votaram em 1905!

É importante destacar que Berta Lutz, reverenciada como a grande defensora do Voto Feminino, escreve o primeiro artigo sobre o tema em 1918... 13 anos depois das três mineiras votarem!

Pequena Biografia de Berta Lutz
Sufragista e Fundadora da Federação para o Progresso Feminino
Berta Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo, em 1894. Zoóloga de profissão, em 1919 tornou-se secretária do Museu Nacional do Rio de Janeiro. O fato teve grande repercussão, considerando-se que na época o acesso ao funcionalismo público ainda era vedado às mulheres. Mais tarde, tornou-se naturalista na seção de botânica da mesma instituição. Em 1922, representou o Brasil na assembléia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, sendo eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. De volta ao Brasil, fundou a Federação para o Progresso Feminino, iniciando a luta pelo direito de voto para as mulheres brasileiras.

A Cassação dos Votos Femininos
Os votos das três moças foram cassados seis anos depois, segundo consta nos Anais da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Em trecho que Alzira publicou no opúsculo “Pelo Voto Feminino”, sob o pseudônimo de Selva Americana, temos a fala do Deputado Francisco Coelho Duarte Badaró Jr. reivindicando a glória do Voto Feminino para Minas Novas e não para o Rio Grande do Norte, como consta na História do Brasil.

O Exercício do Voto no Brasil
Antigua Vila feliz. Minas Novas está ubicada al norte del estado, a 543 km de Belo Horizonte y 216 km de Diamantina. Entre otros tantos atractivos, es el lugar privilegiado para conocer y comprar el artesanato de cerámica del Valle del Jequitinhonha. (...) Minas Novas posee una historia rica y singular. Con una actividad periodística importante, tuvo su primer periódico, o Jornal de Minas Novas, en 1898. También ocurrió aquí el primer voto femenino en Brasil cuando el Señor Francisco Coelho Duarte Badaró ayudó a votar una ley que permitía el ejercicio del voto en Brasil. (...)

http://www.culturamineira.com.ar/ciudades/minasnovas.htm


O Juiz que instituiu o Voto Feminino em Minas

Houve uma época no Brasil em que era facultativo aos juízes de Direito exercer as funções de deputado ou senador, com substituição mantida por outro bacharel, um juiz municipal.

Quando no exercício dessa função na comarca de Minas Novas, Francisco Coelho Duarte Badaró ajudou a votar uma lei que permitia o exercício do voto no Brasil, em vigor a partir de 1º de janeiro de 1905. Instaladas as eleições, o juiz convocou as professoras Alzira Nogueira Reis, Cândida Maria Santos e Clotilde de Oliveira e as qualificou como eleitoras, comunicando, em seguida, tal atitude ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral, instituindo assim os primeiros votos femininos do Brasil.

Minas Novas, Sua História, Sua Gente.
Álvaro Pinheiro Freire


Pequena Biografia de Francisco Coelho Duarte Badaró
Juiz de Minas Novas e Embaixador do Brasil no Vaticano. Fez o Curso de Humanidades em Ouro Preto. Foi o Dr. Francisco Badaró bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1883, pela Faculdade do Largo de São Francisco, São Paulo. Em 1884, foi nomeado Promotor da Comarca de Minas Novas, que vagou com a morte do Dr. Antonio Joaquim César. Logo depois, por concurso, foi promovido para o cargo de Juiz Municipal, secundado para o de Juiz de Direito, em 21 de Abril de 1885. Nomeado Secretário da Província da Paraíba do Norte, não aceitou o cargo. Foi depositário do ideário republicano logo ao chegar, tornou-se amigo dos defensores desse ideal no vale: Coronel Firmo de Paula Freire, Dr. Joaquim César e Coronel Demóstenes César. Proclamada a República, na primeira legislatura com poderes constituintes foi eleito Deputado Federal em reconhecimento aos seus méritos. Teve passagem brilhante pela Constituinte de 1891. Por ser católico praticante, foi escolhido para apagar o fogo nas relações do novo governo com a Igreja e o Vaticano, sendo nomeado Ministro Plenipotenciário do Brasil em 18 de Julho de 1893, cargo que ocupou até 1896.


Discurso no Congresso de Minas Gerais
Na sessão de 27 de Agosto de 1927, o Deputado Francisco Coelho Duarte Badaró Jr. reivindicou a glória do Voto Feminino para Minas Gerais:

Sr. Presidente, traz-me à tribuna a pratica de um ato de rigorosa justiça. Venho concorrer para que se restabeleça a verdade em torno de facto que constitue alto subsídio para historia do feminismo no Brasil e em Minas Geraes, especialmente.
Todos nós, senhor presidente, acompanhamos com grandes sympathias a campanha em favor da “mulher eleitor”, hoje prestigiada pelo apoio oficial do governador do Rio Grande do Norte, sr. Juvenal Lamartine.

Não desejo sr. Presidente, e para tanto me falta competência, abordar o estudo da interessante these feminista. Quero, tão somente, que fique consignado nos Annaes do Congresso Mineiro que, não ao Rio Grande do Norte, mas a Minas Geraes coube a iniciativa de conceder o direito de cidadania à mulher brasileira.

Com efeito, sr. Presidente, na vigência da lei Rosa e Silva, na cidade de Minas Novas, e sendo juiz de direito o dr. Francisco Coelho Duarte Badaró, requereram e obtiveram o título de eleitor, três de minhas conterrâneas... De posse dos títulos, concorreram ellas a alguns pleitos eleitoraes...

Mais tarde, sr. Presidente, interposto recurso para a Junta de Revisão, nesta capital, foi o mesmo provido, resultando dahi a exclusão dessas senhoras dos livros de alistamento da comarca.

Não indago os motivos que levaram a Junta a assim decidir, mas elles não terão sido muito differentes daquelles que adoptou o Senado Federal não apurando os votos femininos dados ao senador José Augusto. Para Minas Novas, sr. Presidente, minha terra natal e um dos berços da civilização mineira, para Minas Geraes, reinvidico mais uma tradição liberal.
(Muito bem! Muito bem!).

Pequena Biografia de Francisco Coelho Duarte Badaró Jr.
Ministro interino da Justiça do Governo Vargas. Médico e Político. Primo irmão de Alzira. Nasceu em Minas Novas em 22 de Dezembro de 1892. Falecido em Belo Horizonte em 18 de Janeiro de 1970. Fez o Curso de Humanidades no Seminário de Diamantina. Cursou a Escola Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, formando-se em 1917, tendo sido aluno do Dr. Miguel Couto e Gastão Cruls. Era o único médico da cidade de Minas Novas na década de 40. Desenvolveu continuada atividade política durante 30 anos, no Estado, tendo como base Minas Novas. Foi o maior líder político de Minas Novas. Deputado Estadual da 1ª e 2ª República. Deputado Federal.

A Confirmação do Discurso de Badaró
Descobrir documentos que comprovem o voto das três jovens mineiras em 1905 tem sido a nossa maior dificuldade.

O discurso de Badaró no Congresso de Minas, em 1927, foi extraído do opúsculo “Pelo Voto Feminino”, que Alzira escreveu, em 1930, porque o original ainda não foi descoberto nos Anais da Assembléia.

Foi, portanto, com muita alegria, que descobri o trabalho a seguir que nos deu, inclusive, a data do discurso de Badaró:

Se a década de 1920 foi marcada por crises de várias naturezas, foi também, e principalmente para o Estado de Minas Gerais, momento privilegiado de avanços democráticos e de conquistas sociais e políticas. A chegada de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada à Presidência do Estado, em 1926, representou a inauguração de um novo estilo de governar, marcado por conquistas há muito reclamadas pela sociedade.

Para além das inúmeras realizações na área da administração pública e do pioneirismo no sistema educacional, o Estado de Minas Gerais também saiu à frente de outras unidades da federação ao propor e implantar a reforma do sistema eleitoral. Ao incluir em sua primeira mensagem ao Legislativo a proposta de reforma eleitoral instituindo o voto secreto, Antônio Carlos deu mostras de audácia política e sua atitude repercutiu em todo o País. Mas, como era de se esperar, antes de ser votado e aprovado, tal projeto deu “pano para mangas”.

Aprovado, o projeto transformou-se na Lei 995, de 20 de setembro de 1927, “que institui o voto secreto e cumulativo, para as eleições estaduais e municipais do Estado de Minas Gerais”. Por essa mesma época, já era aventada em vários estados a possibilidade de estender o direito de voto às mulheres.

Essa era a principal bandeira de luta do incipiente movimento feminista, que, mesmo contando com a simpatia de algumas autoridades, só foi conquistada após o movimento revolucionário de 1930.

Na sessão de 27 de agosto de 1927, por exemplo, o deputado Francisco Badaró Júnior já falava a seus pares do pioneirismo de três mulheres do Norte de Minas na luta pelo voto feminino.

Aprendizado Democrático - A história do Parlamento mineiro

Maria Auxiliadora de Faria
Historiadora, diretora da Códice – Consultoria em História

Otávio Dulci
Sociólogo e cientista político, professor da UFMG.

Os dois são autores do livro “Diálogo com o Tempo – 170 anos do Legislativo Mineiro”, publicado pela ALMG.
http://www.almg.gov.br/RevistaLegis/Revista39/aprendizado_democratico.pdf

A Defesa do Voto Feminino
Grande tribuno, orador inflamado, dono de uma pena brilhante, Dr. João Pinheiro de Miranda França ficou famoso por defender a liberdade de voto para as mulheres, tendo sido o defensor da causa impetrada por petição de Cândida dos Santos, Clotildes de Oliveira e Alzira Nogueira Reis (sua prima), no ano de 1907, fazendo-as as primeiras eleitoras do Brasil.

Pequena Biografia de João Pinheiro de Miranda França
Nascido aos 25 de Abril de 1882, em Turmalina – MG, filho do Coronel José (JUCA) Pinheiro Ferreira França e de Senhorinha Rosa de Miranda França. Casado em 1918, com Dona Henriqueta Balthazar da Silveira, filha de um dos Ministros da Marinha do período Republicano que teve o Brasil, ao tempo do Presidente Campos Sales, Dr. Carlos Balthazar da Silveira; neta materna do Visconde de Itaboraí (Dr. José Ildefonso de Souza Ramos), por Dona Henriqueta Carolina de Souza Ramos. Bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais em 1906, pela Faculdade de Direito de Minas, tendo sido orador oficial de sua turma. Grande tribuno, orador inflamado, dono de uma pena brilhante, ficou famoso por defender a liberdade de voto para as mulheres, tendo sido o defensor da causa impetrada por petição de Cândida dos Santos, Clotildes de Oliveira e Alzira Nogueira Reis, no ano de 1907, fazendo-as as primeiras eleitoras do Brasil. Deram-se grande destaque a sua atuação assim como o então Juiz de Direito da Comarca de Minas Novas, Dr. Francisco Coelho Duarte Badaró.

Carlos Eduardo Monteiro de Barros

As Notícias do Voto
O Jornal “A Esquerda”, de 7 de Julho de 1928 noticiou, na primeira página, o voto das três mineiras, com a manchete “Reivindicando para Minas mais uma Tradição Liberal”. O Redator foi Jader de Carvalho.

A citação ao voto pioneiros das três mineiras está em diversos trabalhos:

Ideologia e feminismo: a luta da mulher pelo voto no Brasil - Página 95 de Branca Moreira Alves – Women´s rights - 1980 - 197 páginas: ... em 1905: Alzira Vieira Ferreira Netto, mais tarde formada em medicina; Cândida Maria dos Santos, professora em escola pública, e Clotilde Francisca de ...

A mulher brasileira: direitos políticos e civis - Página 194 de João Batista Cascudo Rodrigues – Women´s rights - 1982 - 399 páginas: ... Alzira Vieira Ferreira Neto, mais tarde formada em medicina; Cândida Maria dos Santos, professora em escola pública, e Clotilde Francisca de Oliveira" ...

Dicionário do voto - Página 356- de Walter Costa Porto - Elections - 1995 - 390 páginas
94- 95) é a de que, muito antes, no ano de 1906, na comarca de Minas Novas, Minas Gerais, três mulheres, Alzira Vieira Ferreira Netto, mais tarde formada em ...

O voto no Brasil: da Colônia à 5a. República - Página 216 de Walter Costa Porto – Elections – 1989: Minas Gerais, três mulheres — Alzira Vieira Ferreira Netto, mais tarde formada em medicina. Candida Maria dos Santos, professora em escola pública e ...

As donas no poder: mulher e política na Bahia - Página 93 de Ana Alice Alcantara Costa – Women in politics - 1998 - 245 páginas: Três mulheres de Minas Gerais, Alzira Vieira Ferreira Neto (mais tarde formada em medicina), Cândida Maria dos Santos (professora de escola pública) e...

Sufragista
Por volta de 1931 ao regressar de Teófilo Otoni, Alzira alinhou-se com Berta Lutz na Luta pelo Voto Feminino, participando da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino.

Foto Histórica
No acervo fotográfico da Dra. Fernanda Barcellos, filha mais velha da Dra. Alzira, há uma foto histórica das Sufragistas com Getúlio Vargas no dia em que foi assinada a Lei do Voto Feminino.

Pelo Voto Feminino
Alzira escreveu com o pseudônimo de “Selva Americana”, um opúsculo chamado “Pelo Voto”, em 1930, publicado em Teófilo Otoni, Minas Gerais.

Os Laços Familiares
Conhecendo um pouco a história da família Nogueira, de Minas Novas, podemos entender a personalidade revolucionária de Alzira e mais, a sua ousadia... O certo é que teve, apesar do desespero de sua mãe, para suas ações libertárias, o respaldo dos homens da família e de sua tia materna: o avô, Senador José Bento Nogueira, o tio paterno, Deputado Nogueira Jr., o primo João Pinheiro de Miranda França, o tio Dr. Francisco Coelho Duarte Badaró, o primo Francisco Coelho Duarte Badaró Jr. e a tia materna, Dona Luiza Pinheiro Nogueira, conhecida como Sinhazinha Badaró, chefe política em Minas Novas.

Candidata à Constituinte
Seu nome foi apresentado em Chapa para a Constituinte de 1933, do Partido Economista do Estado do Rio.

Eram seus companheiros de chapa, entre outros, o Prefeito Alberto Rodrigues Fortes, Sr. Carlos Castrioto de Figueiredo e Melo, irmão do Prefeito Castrioto de Figueiredo, e fundador do Rotary de Niterói, em 1928, e o seu amigo Dr. Luis Palmier.

No acervo fotográfico de Antonieta Augusta Vieira Ferreira Morpurgo, sobrinha do marido da Dra. Alzira, temos a foto da chapa para a Constituinte com o nome de Alzira.

Paixão à Primeira Vista
Em sua mocidade, ainda estudante de Direito, Joaquim foi convidado pela Dra. Antonieta César Dias, terceira médica brasileira, para acompanhá-la e ao seu filho Admar Morpurgo, seu futuro cunhado, em viagem à Belo Horizonte. Lá chegando, foram recebidos por Alzira, estudante de Medicina, que, por ser a única mulher da faculdade, fora incumbida de receber a Dra. Antonieta. A paixão foi à primeira vista. Alzira ficou bastante impressionada pela palestra sobre Filosofia e Psicologia que aquele jovem de 18 anos fizera durante a tarde, mas recusava-se a admitir.

Em carta de 1969, Alzira escreveu para a sobrinha de seu marido, Antonieta Inocência Vieira Ferreira Morpurgo, quando da morte do seu pai, Dr. Admar Morpurgo:

Niterói, 17 de Dezembro de 1969
Rua Sebastião Dantas, 15/204 - Santa Rosa

Niêta:
Senti profundamente a morte de seu pai, que eu pretendia ir ver logo que regressasse à sua residência; o destino não quis. Também senti o silêncio que o zêlo excessivo pela minha saúde criou em tôrno de mim impedindo-me de prestar minha homenágem ao Morpurgo. Desculpe-me.

Não sei se você sabe que conheci Vieira através da Dra. Antonieta e do Morpurgo, em Belo Horisonte. Era eu estudante de Medicina e meu professor de Cirurgia, Dr. Borges da Costa, incumbiu-me de convidar a dra. Morpurgo a visitar a nossa Faculdade. Na pensão quem me recebeu primeiro foi Vieira, cuja palestra sôbre Filosofia e Psicologia prendeu-me logo a atenção. Nessa noite, num cinema, Vieira falou-me em casamento, e lá - então contrariando-me, a dra. brincou: “ Isso é filosofia ou namorosofia ?”

Eu então achava tudo absurdo por muitos motivos. Eu o relembro apenas para mostrar-lhe que Morpurgo estava ligado à minha vida e de Vieira indelevelmente. A doença nada respeita e no-lo roubou. Você perde o seu grande amigo, presente em todos os seus momentos.
Pezames, extensivos a Augusto e família, Cristina e Claudia.
Creia no meu profundo pezar.
Da tia e amiga
Alzira


Noivo Deserdado
Segundo sua filha, Dra. Fernanda Barcellos, voltando para Friburgo, onde morava com seus pais, Joaquim lhes disse que pretendia se casar, sendo deserdado pelo absurdo de querer casar-se, aos 18 anos, ainda estudante, e com uma mulher de 33 anos, “médica, ainda por cima”!

A Noiva em Fuga
Apesar das proibições da família, Joaquim voltou a Minas e as suas atribulações amorosas começaram. Em Belo Horizonte, soube na pensão que Alzira fugira para o interior para escapar das suas investidas. Mas Joaquim foi procurá-la em Minas Novas, formalizando o pedido diante da severa Dona Augusta.

O Divórcio
Ainda segundo sua filha Fernanda, Alzira não resistiu por muito tempo às declarações de Joaquim e aceitou o pedido, com a condição de que o casamento fosse só no religioso. Joaquim não entendeu.

Joaquim:
No Religioso? Mas a senhora é atéia!

Alzira:
Por isso mesmo, o casamento não terá valor legal algum. No civil, só me caso quando houver divórcio no Brasil. Recuso-me a ficar presa a um homem pelo resto da minha vida.

O Falso Noivo
Em Minas Novas havia um pretendente eterno à mão de Alzira: O seu primo, Deputado João Pinheiro de Miranda França, sobrinho e afilhado do seu avô, Senador José Bento Nogueira, a quem traíra em questões políticas. Alzira já havia recusado os pedidos do primo França diversas vezes:

“Entre o senhor e o meu avô, fico com o meu avô, de coração”.

Mas João França, como Alzira o chamava, não se conformava com a rejeição. Quando Alzira e Joaquim ficaram noivos, João França procurou Joaquim dizendo-lhe que ele e Alzira se amavam e iriam casar. Joaquim, indignado, rompeu o noivado e foi embora.

A Tentativa de Suicídio
Ainda segundo sua filha, Dra. Alzira cortou os pulsos com o bisturi, ato que negou até o fim dos seus dias por achar indigno uma mulher se matar por amor a um homem – mas as cicatrizes ficaram. Joaquim soube do ocorrido e voltou. Reconciliaram-se e casaram-se.

Cabeça de Família

Após sua formatura, Dra. Alzira clinicou em Minas Novas, Friburgo e Teófilo Otoni.”

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina

No início da vida conjugal, Dra. Alzira era quem mantinha a família enquanto Joaquim terminava os seus estudos de Direito. Era Alzira quem pagava as despesas e ensinava filosofia, francês e inglês para Vieira, ainda deserdado por seu pai. Joaquim só foi perdoado por seus pais quando Alzira engravidou da primeira filha, a Dra. Fernanda Barcellos.

A Mudança para Nova Friburgo
Por volta de 1920, Alzira e Joaquim se mudaram para Nova Friburgo, para a casa do sogro, Desembargador Vieira Ferreira, onde nasceram os dois primeiros filhos: Fernanda e José Bento.

A Volta para Minas Gerais
Em 1922, provavelmente, voltaram para Minas Novas. A carta de Alzira para sua sogra confirma que em 1924 e 1925, estavam lá:

23 Nov. 924
D. Honorina

Muito obrigada pela sua carta e de Maria, hontem recebidas, bem assim pelo telegramma de 8, agradecimentos extensivos ao Dr. Vieira, a quem enviamos também affectuosas visitas.

Fernanda ainda não sabe ler o cartão inglez de Maria mas eu o li para ella. Há dias ella, ao acordar, me disse e ao pai, todos ainda na cama: “Vou-me embora para Nictheroy e não volto mais”. "Que vai você fazer lá?" Perguntamos. “Brincar com Antonieta e levo papai, mamãe e Zé Bento”. Parece até que sonhava, pois dormiu logo outra vez.

Recebemos carta de Morpurgo, muito contente com a clínica de roça, onde está sosinho ou unico. Que continue bem, como Thereza e filhos, são votos sinceros.
Maria que mandou o vestido começado, com o figurino para eu acabal-o. Inda no dia 12 fez um vestido pa. Fernanda da flanella que a Sra. Mandou, é o 3º que faço dessa flanella, e o meu extreei hontem, assistindo a uma audiência de um processo que forjavam ha tempo contra Vieira (2 rábulas e o juiz, em julho, arrumaram 5 denúncias e 1 ex-officiio), mas agora estão muito gentis e o juiz propoz hontem, depois da audiência, ao queixoso Sérgio Costa, que era melhor “dar-se um tiro nesse processo”. Não acharam promotor ad hoc contra Vieira nem aqui nem na comarca e o tal processo ex-officio o juiz mandou para o Procurador, em B. Horizonte, e o Desembarador Tito telegraphou-nos: “Denuncia desprezada.”
Resta agora esse tal outro processo que Sergio Costa (zangou-se porque Vieira o denunciou num caso contra as posturas municipais, caso sobre o qual Chico Badaró consultou meu sogro) armou contra Vieira e para o qual depoz hontem a ultima testemunha forgicada (um denunciado por Vieira) e que, apezar disto, disse que “não sabia de nada”. Por isto e porque não encontraram promotor e já tomaram fogo na Relação, já o juiz está tão gentil connosco e quer dar “um tiro nisso”, como rabula mais sábio.
P.S. Preocupações fizeram-me esquecer de lembrar Vieira pa. Telegraphar a Maria no dia 10.
Muitos parabens nossos.
Depois elle escreve.
Alzira

A Mudança para Araçuaí
Joaquim foi nomeado Juiz Municipal em Araçuaí, onde residia o farmacêutico José Nogueira Reis, irmão de Alzira. A mudança se deu em Dezembro de 1925 ou em Janeiro de 1926:

Alzira Reis Vieira Ferreira
Clínica Geral de Senhoras, Gynecologia e Obstetrícia

Minas Novas, 27 de Dez. de 1925.

D. Honorina
Nenhuma notícia sua e de casa. Faz hoje 1 mez que Vieira chegou e siquer uma linha tivemos. Que não seja doença o móvel do silêncio, são meus desejos. Esta lhes vai dizer que pretendemos seguir para Arassuahy no dia 31, caso o permitttam as chuvas; si não, no dia 2 de janeiro. Já temos lá casa alugada, no alto da cidade, longe das águas e onde o clima é menos quente.

A sra. fique tranquilla pois Arassuahy foi sempre terra de velhos amigos que já esperam Vieira festivamente. Bôa cidade, sem os ranços (...) e egoístas de ma. nobre terra. Consta que o juiz Dr. Sabino se licenciará este anno, assim teremos Vieira breve juiz de direito, interino. Gosto de quanto o pode animar a supportar as agruras do começo de carreira; e se vai preparando para o concurso dentro de 20 mezes mais ou menos.

O Dr. Vieira é muito modesto e eu vejo como seria necessário para lhe fazer justiça maior e de utilidade futura para Vieira, um andamento do seu viver ao do nosso tempo, que vê mais quem mais visto está. Elle de certo me comprehenderá logo. Supremos logares na justiça...

Escrito no cabeçalho, na horizontal:
“Vieira está encaixotando os livros e escreverá depois”

A Mudança para Teófilo Otoni
Em 1927, mudam-se para Teófilo Otoni, onde nascem os dois últimos filhos: Joaquim, em Janeiro de 1927 e Vicente, em 1929.

Chamava-se “Ambulatório Infantil Moncorvo Filho”, a fundação da Dra. Alzira Reis Vieira Ferreira, que desde o primeiro instante contou com toda a dedicação e trabalho de seu colega Dr. Paiva.

O Ambulatório contou com todo apoio do Dr. Moncorvo Filho, que além dos auxílios necessários, prometeu uma visita ao Serviço, o que infelizmente não foi efetuado. Em Niterói, a Dra. Alzira ocupou durante a Interventoria Amaral Peixoto, o cargo de Médica do Centro de Saúde.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina

Segundo o depoimento do Sr. Petrônio, de Teófilo Otoni, contemporâneo de seus filhos, era voz corrente na cidade que “Vieira era aluno de Alzira”.

Alzira mantinha uma escola no fundo do quintal, o “Curso São Vicente”, que preenchia a falta de um ginásio na cidade. Quando o ginásio foi fundado, anos depois, Joaquim empregou-se como Professor de Francês. Alzira fundou o Pronto Socorro Infantil Moncorvo Filho, onde clinicava:

A Dra. Alzira Reis Vieira Ferreira foi a Primeira Médica diplomada pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais. Foi igualmente a Primeira e Única representante feminina, formada em Medicina, que clinicou em Teófilo Otoni. Diplomada em 1920, já em 1926 chegava a esta cidade onde permaneceu até 1931.

Djalma Andrade
100 Anos de Medicina


Em 1930, eles se mudaram para Niterói. Viveram felizes por quatro décadas, até que Joaquim, aos sessenta anos de idade, falecesse dormindo, em 3 de Abril de 1961.

Tema de Estudos
Em João Pessoa, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), realizou-se mais um Simpósio Nacional de História, o maior encontro de historiadores do país. A UFF, como sempre, marcou um tento com a inauguração de alguns dos mais importantes simpósios temáticos do encontro. Juntou um deles, em animados debates sobre a história das mulheres, as professoras Adriana, Facina, Eulália Lobo, Ismênia de Lima Martins, Márcia Cavendish, Rachel Soihet e Suely Gomes Costa e pesquisadores de outros estados. Ismênia, na oportunidade, apresentou resultados de sua pesquisa sobre a biografia da Dra. Alzira Nogueira Reis, primeira mulher a votar e a formar-se médica em Minas Gerais. Aliás, avó da teatróloga Anamaria Nunes.

Lou Pacheco
Jornal Lig – Niterói


MARTINS, Ismenia de L. (Docente): A disputa das mulheres pelo espaço social masculino: um estudo de caso Dra. Alzira Nogueira Reis. Anais Eletrônicos do XXII Simpósio Nacional de História; 2003; XXII Simpósio Nacional de História; João Pessoa; BRASIL.

Pequena Biografia de Ismênia de Lima Martins
Historiadora, Professora Emérita da Universidade Federal Fluminense. Diretora do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. Vice-Reitora da UFF.

Em 2003, em Minas Gerais, Alzira foi tema do Debate “História de Mulheres Médicas da Faculdade de Medicina – UFMG”, em comemoração à data da 1ª Médica graduada em Minas:

Historia de Mulheres Médicas da Faculdade de Medicina.
UFMG. 2003.
Local: Faculdade de Medicina UFMG
Cidade: Belo Horizonte

Comemoração da data da primeira médica graduada na UFMG
(pesquisa realizada pela Dra. Ismênia de Lima Martins Profª Emérita da UFF). Apresentação da pesquisa Dra. Alzira Nogueira Reis (1ª médica graduada na Faculdade de Medicina UFMG)
Mesa composta: Dra Iracema Mathilde Baccarini; Elizabeth Dias; Elza Machado; e Anayansi Correa Brenes

Com o workshop Mulheres médicas graduadas na Faculdade de Medicina da UFMG, a Faculdade de Medicina comemora, em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. A atividade começa às 9 horas, na sala 2037 da Unidade, com entrada franca. A presença feminina na Medicina - do início ao fim do século 20 - será abordada por cinco profissionais da área. A professora Ismênia de Lima Martins, da Universidade Federal Fluminense, fará um relato da trajetória de Alzira Nogueira Reis, a primeira médica a atuar em Minas, na década de 20. A ginecologista Iracema Mathilde Baccarini contará suas experiências durante os anos 40, enquanto Elizabeth Dias, especialista da área de Medicina do Trabalho, abordará a década de 60. Já o panorama atual será analisado pelas professoras Elza Machado de Melo e Helena Facury Barbosa, do departamento de Medicina Preventiva e Social. A atividade, que integra as comemorações dos 92 anos de fundação da Faculdade, é promovida pelo Núcleo de Estudos Mulher e Saúde, do departamento de Medicina Preventiva e Social.

A Homenagem
Em 2004, por iniciativa da Professora Ismênia de Lima Martins, foi homenageada dando o seu nome à 1ª Maternidade de Niterói.

20/05/2004 - 19:20
Niterói inaugura maternidade na segunda-feira

A Prefeitura de Niterói (RJ), município sob administração do petista Godofredo Pinto, inaugura, na segunda-feira (24), às 10h, a Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira, em Charitas. Antiga reivindicação da população, a unidade contará com 20 leitos, sala de parto e centro obstétrico.

Segundo a Fundação municipal de Saúde, na maternidade serão realizados partos normais e cesarianas que não necessitem de atendimento específico, desafogando os hospitais Antônio Pedro e Azevedo Lima. Para as obras de reforma foram investidos R$ 150 mil

A maternidade vai dar continuidade ao trabalho desenvolvido na rede municipal de saúde, uma vez que as gestantes realizam o pré-natal nas unidades básicas e nos módulos do Programa Médico de Família e passarão a ter uma referência da unidade para a qual serão encaminhadas na hora do nascimento do bebê.
Um dos diferenciais da unidade é que as mães poderão conhecer a maternidade antes mesmo do nascimento do filho. A iniciativa será possível graças ao sistema integrado com os médicos da rede pública, que permitirá abrir as instalações às gestantes para visitação. O objetivo é que as mães sintam-se amparadas e protegidas.

Outra novidade é que as gestantes poderão ter um acompanhante na hora do parto, que pode ser o marido ou um parente próximo,como acontece em hospitais particulares.

Alzira Reis
Alzira Reis nasceu em 8 de novembro de 1886, em Minas Novas, Minas Gerais. O pioneirismo foi a sua marca. Em 1905, Alzira e duas amigas, com base na Constituição, alistaram-se eleitoras, sendo a primeira mulher a votar no Brasil. Alzira sempre sonhou em ser médica, mas era impedida pelas leis
brasileiras.

Enviou diversos pedidos de autorização ao Ministério da Educação e por volta de 1911 recebeu o tão esperado documento para estudar Farmácia. Em 1920, Alzira formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas, tornando-se a primeira médica do Estado.

Em 1931, alinhou-se com a Federação para o Progresso Feminino, lutando pelo voto feminino e no ano seguinte lançou-se candidata à Assembléia Constituinte. Foi nomeada por Amaral Peixoto para clinicar no posto de saúde de Niterói e começou sua luta em defesa dos portadores do Mal de Hansen. Seis anos depois fundou o Educandário Vista Alegre, presidindo-o até meados dos anos 50 e foi presidente da Associação de Assistência aos Lázaros por mais de duas décadas.
Foram Pais de:
Fernanda Augusta Vieira Ferreira
José Bento Vieira Ferreira
Joaquim Miguel Vieira Ferreira
Vicente Fernando Vieira Ferreira

Fontes:

Minas Novas, Ontem e Hoje
Demósthenes César Jr.

Jornal A Esquerda, edição de 7/7/1928
Jader de Carvalho

Ideologia & Feminismo
Branca Moreira Alves – Ed. Vozes

O Voto de Saias:
A Constituinte de 1934 e a Participação das Mulheres na Política
Rita de Cássia Barbosa de Araújo
Estudos Avançados, 2003

Pesquisa
Anamaria Nunes Vieira Ferreira

2 comentários:

Cleice disse...
Anamaria atualmente trabalho na Casa de Oswaldo Cruz, no Departamento de Arquivo e Documentação uma das unidades da Fiocruz, em um projeto sobre hanseníase... Estou organizando o arquivo iconográfico do Heraclides Souza Araújo, um dos pesquisadores que atuaram na Fiocruz apartir de 1913 até a segunda metade do século XX. Nesse arquivo possui algumas imagens sobre a inauguração do Preventório de Vista Alegre, na qual encontra-se presente Alzira Reis Vieira Ferreira além de duas imagens enviadas ao Souza Araújo com inscrição no verso e assinatura de D. Alzira. Não sei se tais imagens são importantes para sua pesquisa... . caso queira ter acesso a tal documentação que ainda está sendo organizado você poderá entrar no site da fiocruz, unidade coc e enviar ou um email ou ligar para a sala de consulta: 3882-9124
Espero ter ajudado!!!
Boa sorte em sua pesquisa...
GRD bj Cleice
5 de maio de 2009 11:38

Lieden Maria disse...
Como filha de uma das Diretoras na gestão de dez anos da Sr.Thais Carraptoso gostaria de informar que não foi na gestão delas nem feita por nenhuma delas a exclusão do nome da D.Alzira, nem da placa com seu nome, do Educandário Vista Alegre e da Federação. Acompanhamos o trabalho, adolescentes ainda, de nossos pais que muitas vezes, morando em Icaraí e no Saco de São Francisco, acordavam de madrugada e iam para Itaboraí por causa de doença de alguma criança internada e do trabalho maravilhoso de doação feito por aqueles casais que dedicaram muito de suas vidas ao EVA principalmente e à Federação. Naquela época Dª Eunice Weaver era viva e na própria Federação a fundadora era considerada Dª Eunnice Weaver. Por favor, numa atitude louvável de resgatar memórias de pessoas que foram exemplos de abnegação e competência nos trabalhos sobre hanseníase não é cabível que um das diretorias que resgatou com sua equipe a beleza, funcionalidade, saneamento e, principalmente, a dignidade dos internos que tinham vergonha de serem filhos de hansenianos com sua inclusão na sociedade de Niterói e São Gonçalo, tenha o nome de sua Presidente inserido da forma como se encontra no artigo sobre DªAlzira levando o leitor a lhe imputar o "êrro" quando a prórpia DªEunice Weaver era viva e com seu trabalho reconhecido mundialmente, e não procurando saber o que realmente aconteceu. O trabalho da Federação na década da gestão Thaís Carrapatoso não pode ser motivo de comentário desabonador. As senhoras Thaís Carrapatoso, Juracy de Oliveira Carvalho ( minha mãe - com quase 90 anos ) e Moema Fuscaldo ainda estão vivas e lúcidas e podem contribuir e muito para resgatar a memória da Fundação e do EVA que era dirigido por elas, cabe ressaltar que elas também foram vítimas na época como o foi Dª Alzira porque a vaidade dos invejosos não pode conviver com obras de amor e dignidade em benefício de seus semelhantes quando os frutos de suas obras aparecem. Estou também tentando resgatar a parte da obra dessas senhoras maravilhosas que muito contribuíram com amor e dedicação para educar os filhos os hansenianos e alguns ex-internos procuram suas raízes e estão tentando se reencontar numa Comunidade do Orkut( basta procurar na pesquisa do orkut Educandário Vista Alegre ). Estou à disposição no telefone 96089960. Parabéns ao trabalho sobre Da. Alzira Nogueira.
Bjos,Lieden